domingo, 26 de janeiro de 2020

Depois de uma primeira tarde de game drive no Etosha desapontante, notava-se alguma apreensão nas caras, quando nos preparávamos para sair.

Pela frente estava um dia totalmente dedicado a ver bicharada no parque, das sete da manhã às seis da tarde, para aproveitar a extensão total do horário de abertura.

A apreensão foi desfeita não muito depois quando nos dirigimos até um aglomerado de veículos. Não sabíamos o que estariam a ver, apenas que certamente seria algo interessante: um conjunto de leões. Sem possibilidade de obter um bom posicionamento – por sermos dos últimos a chegar e pela dimensão do Elefante – optámos por tentar seguir um primeiro subgrupo, que abandonou a sombra da árvore e começou a caminhar.

Lá mais à frente, parados na estrada a ver os leões a afastar-se por terreno sem acesso aos veículos, tivemos a primeira tirada de sorte do dia: as duas leoas que tinham ficado para trás na árvore, levantaram-se e começaram a caminhar em direcção ao resto do grupo, no preciso momento em que estávamos parados entre os dois grupos. Lentamente, languidamente, vieram na nossa direcção, passaram mesmo ao lado do Elefante, uma deitou-se à sombra do veículo, até novamente se levantar e se afastar. Com isto, tivemos todo o tempo para apreciar e tirar uma dose industrial de fotografias, tentando que a excitação do momento não fizesse esquecer as instruções do Gibson de não pôr os braços de fora das janelas do camião.

O momento alto (mais ainda) viria ao início da tarde, quando avistámos uma chita com duas crias, abrigados à exígua sombra de uma árvore. Permanecemos parados algum tempo, a tentar observar por entra aquilo que a vegetação nos deixava ver. Até que o barulho de uma máquina, que passou no sentido contrário, foi a última gota: assustadas, as crias levantaram-se e começaram a afastar-se da mãe. Se, por um lado, perdemos a possibilidade de ver durante mais tempos os animais, por outro lado conseguimos vê-los sem a barreira da árvore e dos ramos.

A terminar o dia, uma manada de elefantes aproxima-se de um charco. Começam por beber, à beira da água. Após satisfazer a sede, vão progressivamente entrando na água, aproveitando para arrefecer o corpo do calor implacável. Cresce-nos um sorriso na cara enquanto os vemos salpicar água pelo corpo com a tromba.

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