Voltemos ao primeiro dia, aquele em que precisei de aproximadamente um dia para chegar a Narita e de umas seis horas, em três comboios diferentes, para chegar do aeroporto até à estação de Hiroshima. Estou desejoso para chegar ao hotel e falta-me apenas uma etapa: apanhar um eléctrico que me leve da estação até perto centro da cidade. Mas para o efeito preciso de levantar ienes. Olho e calcorreio em todas as direcções e não há meio de ver um ATM. De repente vejo um casinhoto logo à saída da estação com o símbolo de turismo.
Lá dentro, sou imediatamente recebido por um maravilhoso ar-condicionado que me resgata do calor pegajoso da rua. E depois sou atendido por uma senhora simpática mas que fala inglês mais ou menos como eu falo malaio. Felizmente consegue perceber um pouco melhor do que eu percebo malaio e, após algumas repetições, percebe a pergunta. A resposta surge sob a forma de uma indicação num papel plastificado com um mapa da zona, onde ela me aponta a localização da máquina. Explica-me três, quatro vezes e, mesmo assim, tenho sérias dúvidas de que tenha verdadeiramente percebido, dúvidas essas altamente fundadas dado que, de facto, continuo sem perceber onde fica o raio da máquina. Com cara de barata tonta, pergunto ao segurança da estação que não percebe o que digo. Em quase desespero entro num pequeno centro comercial para refrescar as ideias no ar-condicionado e, golpe de sorte, aí estão várias máquinas ao fundo do corredor. A primeira não funciona, a segunda tampouco, mas a terceira, diferente em aspecto das outras duas, cospe umas quantas maravilhosas notas com imagens do imperador e muitos zeros num dos cantos. Desde este ponto até ao quarto no hotel é trigo limpo farinha Amparo.
Uns dias depois, em Kyoto, numa visita guiada ao Palácio Imperial, conhecemos a pessoa com quem melhor nos intendemos em inglês. A guia, uma senhora de pala na cabeça e que sofre com o calor como nós, fala-nos entusiasticamente dos vários edifícios pelos quais vamos passando, coloca-se à disposição para eventuais questões, que a deixam visivelmente radiante por responder quando efectivamente surgem. Perto do final, antes de pedir à audiência para se sentar nuns bancos para uma última explicação, fala connosco à parte e fica surpreendida com a nossa proveniência. Imediatamente discutimos influências culturais mútuas como a origem portuguesa da tempura, os peixinhos da horta que ficaram com uma designação que tem a palavra “tempero” como génese. Voltamos à fala depois do final da charla, está curiosa por saber mais coisas, onde estivemos, o que ainda vamos ver. Acabamos a falar com ela ao longo de uma boa meia-hora, na cafetaria, mostrando-lhe fotos dos percursos e de pratos que comemos sem saber o que são. Despedimo-nos dela com indicações e sugestões de coisas para fazer a seguir.
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