terça-feira, 10 de novembro de 2009

Esmiuçar

Fui bastante crítico dos anteriores programas de actualidades do Gato Fedorento, o Diz que é uma espécie de magazine e do Zé Carlos. Face aos formatos iniciais de sketches eram, para mim, chatos e tinham muito menos graça. Viviam essencialmente dos Tesourinhos Deprimentes e das imitações do Ricardo Araújo Pereira.

Agora que acaba este novo programa de curta duração (mas intenso, como o lusco-fusco) tenho que dar o braço a torcer, a mão à palmatória. Este novo formato à la Jon Stewart resultou lindamente. E, mais importante ainda do que ter tido graça, foi bem conseguido. (Quase) todos os ilustres passaram por aquela cadeira espinhosa (já agora, nota negativa para o Cavaco) e submeteram-me às perguntas pertinentes, corajosas e inteligentes do Ricardo Araújo Pereira.

Isto é uma diferença fundamental, por exemplo, face ao Herman. Sempre que tinha um ilustre político como convidado de um talk show, o Herman afastava por completo a discussão da política e nunca tecia qualquer comentário ou mostrava qualquer inclinação. Era sempre tudo muito suave e ameno.

E isto é significativo. É levar estas discussões para um público ainda mais alargado. Nem toda a gente vê o Expresso da Meia Noite ou a Quadratura do Círculo. E nem sequer nestes programas os intervenientes têm a lata e a ousadia de colocar as questões que os Gatos colocaram. Tudo sem ofensa porque aquilo é humor.

E humor a sério, porque para ser a sério tem que tocar na ferida.

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