quarta-feira, 20 de junho de 2018

O vulcão dos Capelinhos está ao nosso lado.

Os meus ténis estão cheios de pó depois de ter subido aquela estrutura, enxertada à anterior faixa de costa da ilha e completamente diferente. Por momentos, parece que estamos num planeta diferente ou numa cratera da lua, caminhando naquela areia cinzenta, com algumas pedras rugosas e escuras. Lá em cima, a tonalidade é um pouco mais avermelhada (Marte?). Um carreiro leva-nos até à arriba que termina na água do mar.

O calor é potenciado pela cor escura daquela terra, que absorve os raios do sol e retém em vez de reflectir. Cansados da subida, decidimos refrescar nas piscinas naturais ali ao lado. Visto os calções e calço os chinelos que pouco antes havia comprado na Sportzone da Horta – estupidamente, nem me passou pela cabeça trazer comigo – e dirigimo-nos às piscinas naturais. Reparo que não há ninguém dentro de água mas apenas um grupo de uma dezena de pescadores que, do topo das rochas, erguem as canas de pesca.

Neste momento estou só a pensar na possibilidade de termos alguma dificuldade em navegar pelo meio de todas estas linhas de pesca e de gerarmos alguma crise diplomática com os pescadores. Mas, assim que me aproximo e ponho os pés na água fria, uma senhora que se dedica à pesca diz-me
Cuidado que está cheio de piranhas
Devo ter feito uma cara de total incompreensão ou pura e simples estupidez que ela se sentiu na necessidade de fornecer mais esclarecimentos.
Piranhas dos Açores
E pega num dos bichos que já capturou, deitado na pedra, com os dedos nos orifícios dos olhos, e mostra-me a dentadura afiada da criatura, que ainda se debate um pouco para respirar.
Faz uns bons filetes
Resolve acrescentar, como se precisasse de justificar a razão pela qual se dedica àquela actividade, não fosse eu pensar que era meramente por desporto ou para passar o tempo.
Face ao exposto, decidimos molhar apenas um pouco os pés e apanhar antes um banho de sol, o suficiente para uma pequena zona de vermelhidão nos ombros. Fico a observar a faina desta gente, que apanha peixe atrás de peixe. Basta colocar a cana na água e, pouco tempo depois, estão a içar mais outro daqueles peixes estranhos para fora da água, que aguentam bastante tempo, em agonia, até morrer.

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