segunda-feira, 4 de junho de 2018

Busan

É com alguma dificuldade que percebo a localização da paragem por onde passa o autocarro que sobe o monte até ao templo. Na ausência de lojas ou cafés com aspecto de ter uma rede wifi disponível para os clientes – onde está um Starbucks quando é necessário? –, ligo os dados móveis no telemóvel, uma decisão que, literalmente, acabará por me sair cara (umas boas dezenas de euros por meia dúzia de megabytes). Mas resolvo problema e, finalmente, dou com a dita paragem e a fila de pessoas à minha frente, das quais uma parte significativa são turistas, e das quais a maioria é asiática.

Dentro do veículo, não há lugar para me sentar; fico de pé a meio, de costas para a porta, perto de uma senhora num banco individual. Coloco a mochila pesada no chão (lá dentro vai a máquina fotográfica), entre as pernas, desajeitadamente, para evitar que tombe e resvale pelo piso sujo do veículo, devido às curvas acentuadas e à velocidade do motorista. E agarro-me à pega presa ao tejadilho. Sem dizer nada, a senhora sentada no banco individual agarra na minha mochila e coloca-a entre as pernas dela e o banco à sua frente, para que eu possa ir mais facilmente de pé, sem ter de me preocupar com aquele objecto pesado. Agradeço-lhe da melhor forma que sei e ela faz uma curta mas solene vénia, depois de cruzar o olhar no meu. Alguns minutos depois, quando chega o momento de sair, pego na mochila e agradeço-lhe novamente, e ela repete o mesmo ritual da vénia.

O templo é parecido a todos os outros que vou ver em Seoul – incluindo as decorações coloridas, penduradas um pouco por todo o lado. As estruturas são rectangulares, com telhados garridos e um letreiro grande a meio, portas de diferentes cores secas e um interior sóbrio e minimalista.

Quando desço lentamente as escadas que me hão de conduzir à saída, entre fotografias, uma senhora mete conversa comigo. Insinua que, no meio de tanta fotografia, não estou a aproveitar para absorver verdadeiramente o que o templo tem para oferecer. É possível, reconheço – que responder? – e iniciamos uma curta conversa. Está curiosa para saber donde venho, quanto tempo vou passar no país dela, por que o resolvi visitar. No final, despede-se desejando-me a continuação de uma boa viagem e eu continuo a fotografar os balões decorativos, pendurados a ombrear o caminho até à saída.

A ida ao templo acaba por consumir mais tempo do que aquele que tinha planeado. Já não tenho pouco tempo disponível na segunda maior cidade de Coreia e, depois de um bocado a conhecer os mercados no centro, dirijo-me à estação para apanhar o comboio de regresso a Seoul. Sento-me no meu lugar, designado no bilhete. Confortável e espaçoso. Tiro o livro da mochila para me entreter nas cerca de duas horas e meia, assim como a almofada insuflável para ajustar ao pescoço. A certa altura, no decurso da viagem, uma funcionária do comboio entra na carruagem, fecha a porta atrás de si e faz uma pequena vénia para cumprimentar os passageiros. Só depois começa a caminhar no corredor entre os bancos.

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