À saída do metro que virou comboio, uma placa indica-me a entrada através de um túnel que passa por debaixo da linha. Lá dentro, debaixo da terra, começo a ver os primeiros comerciantes. Aqui vendem essencialmente verduras e legumes, ocasionalmente têm alguidares grandes com enguias lá dentro, que se mexem rapidamente na pouca água. Tiram-nas dos alguidares para os sacos de plástico dos clientes com uns recipientes de plástico e os bichos debatem-se agitadamente dentro do espaço exíguo.
Do outro lado está um edifício enorme, o oposto do mercado tradicional de rua que esperava encontrar. Mais parece um local onde apenas comerciantes por grosso podem fazer negócio mas, após verificar que outros locais e turistas entram pelas várias portas, decido também entrar. Lá dentro há filas e filas de comerciantes com bancas, alguidares, aquários, cheios de todo o tipo de vida marinha. Balanças com mostradores electrónicos e placas a indicar o número de cada corredor, como nos parques de estacionamento de grande dimensão dos centros comerciais. Olho para uma mulher tira uma lagosta de dentro de um aquário, o bicho mexe as pinças freneticamente e a senhora, quando cruza o meu olhar, faz-me um gesto a perguntar se estou interessado. Digo que não rápida e incisivamente, de mão esticada à frente, que, logo a seguir, me parece enfático demais, como se a proposta da senhora fosse para lá de indecente. A verdade, é que, se se tratasse do mesmo bicho mas já pronto a degustar, até estaria.
No fundo é para isso que aqui vim, tenho de o admitir. E faço-o descaradamente, sem o mínimo pingo de vergonha. Uso as escadas rolantes até ao piso de cima onde, num corredor quase interminável, se alinham restaurantes a perder de vista. Acabo por me sentar num relativamente vazio (a hora de almoço já lá vai) e peço uma tigela de sushi e arroz.
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