diz-me quando, a seguir a mais uma curva, a estrada vai desembocar à entrada de uma pequena baía e se lê, numa placa de trânsito, Santo António. Indica-me, à direita, a esquadra da polícia e a prisão. Brincamos com o facto de a própria ilha, de si, ser uma prisão, quem vai conseguir escapar daqui. Esta é a praça principal e, ali ao fundo, é o Palácio do Governo Regional. Aquele é o edifício da Assembleia Regional. Não estejas já a dizer tudo ao Sr. Daniel senão ele fica sem nada para fazer.
interrompe ele com um sorriso. Mas ela continua:
E este é o único sítio onde há internet à borla – acredita que é importante saber (no dia seguinte, à noite, lembrei-me da advertência quando vi uns quantos jovens encostados às paredes, de telemóvel na mão). E ali é a minha casa, informa-me pouco depois (muito pouco depois). Despedimo-nos, ela com um até logo que nunca veio a concretizar-se.
Vínhamos no mesmo voo, no bimotor Saab da São Tomé Airways, com indicações em cirílico por baixo das escritas em português e tripulação ucraniana, que assegura a ligação de 40 minutos, entre São Tomé e o Príncipe, a poucas dezenas de passageiros. À chegada, estaria alguém da residencial para me levar do pequeno aeroporto para a povoação.
Sr. Daniel?
Perguntam-me assim que cruzo a porta, de saco às costas. Seguimos até ao estacionamento e ela acompanha-nos. Dentro do jeep, é ele quem nos apresenta, após algumas perguntas de circunstância sobre o voo e sobre a minha proveniência em Portugal. Diz-me que partilho o carro com uma personalidade importante. Ela afasta essa caracterização. Explica-me porque chove mais, demasiado, no Príncipe do que em São Tomé (onde há zonas de savana) e a erosão que está a causar nos terrenos e nas praias. O seu nome incomum – Estrela Matilde – ajuda-me a que seja capaz de o recordar mais tarde e a procurar na internet da residencial. Aqui fica uma reportagem da TVI sobre esta alentejana que assentou arraiais naquele sítio remoto.
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