Um amigo pede que lhe levemos algo para uma conhecida que vive em Hanói. Passam agora algumas dezenas de horas desde que saímos de Paris, e após uma curta paragem no hotel, seguimos a sua recomendação de ver o pôr-do-sol na ponte Long Biên. The best view in Ha Noi. É aí que combinamos encontrarmo-nos.
Saímos para o calor opressivo da rua e começamos a tentar andar pelo aparente caos das ruas estreitas. Atravessar a rua é um quase acto religioso, um salto de fé. Ninguém sequer considera a possibilidade de nos deixar atravessar – a única forma é atravessar. E, assim que se começa, não se pode voltar atrás. Sem hesitar. Segue-se cuidadosamente, deixando as motos serpentearem, passarem à nossa frente ou atrás. Paramos a olhar para algumas manobras, rimos incrédulos do que vemos.
Enganamo-nos no lado da ponte, descemos, damos a volta para subir do lado certo. Andamos por um passeio estreito e, por vezes, interrompido, que ladeia uma faixa para motorizadas. A meio, uma plataforma mais larga permite que estejamos fora do passeio, com espaço, a olhar para o perfil da cidade, iluminado pelos tons do sol que se esconde. Por debaixo, o rio vermelho, a vegetação, e o lixo.
Ela finalmente chega. Atrasada, de moto, a forma mais prática de alguém se movimentar em Ha Noi. Quando finalmente nos livramos do emaranhado do trânsito da ponte e conseguimos falar, propõe-nos um sítio onde jantar. E dá-nos à escolha: ou nos metemos num táxi e nos encontramos com ela no restaurante ou um de nós vem com ela e ela arranja quem leve de moto os restantes dois. Escolhemos a segunda opção quase instintivamente.
Pouco tempo depois das primeiras lutas para navegar por entre as motorizadas das ruas de Hanói, estávamos em cima de uma.
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