A bordo do barco de juncos que nos levaria à Baía de Ha Long por dois dias estava um grupo de idosos franceses da idade dos nossos pais – com o seu próprio guia francófono – e nós – com o nosso próprio guia anglofalante.
As saídas do barco são, infelizmente, poucas e a noite é passada a bordo, ancorados ao lado de inúmeros outros barcos similares. A primeira vez que saímos é com o objetivo de visitar a caverna das surpresas, assim designada pelos primeiros franceses que a viram. O nosso guia aconselha-nos – e, constatamos um pouco depois, com razão – a ir bem calçados, uma vez que o chão é escorregadio.
O acesso à entrada da caverna é feito através de uma escadaria, cerca de uma centena de degraus. Subimos à velocidade a que subiríamos em qualquer outro sítio mas aqui o calor não é o calor de qualquer outro sítio. E se no interior das paredes de pedra o sol não nos toca e a humidade nos faz sentir mais frescos, essa mesma humidade também se nos cola à pele.
Saímos como entrámos, a destilar. Sempre com a garrafa de água na mão. Voltamos ao barco onde fazemos uma curta paragem para vestir os calções de banho. Pergunto ao guia se, desta vez, podemos deixar os ténis para trás e calçar uns chinelos. Diz-me que sim, há um miradouro no topo da próxima ilhota onde vamos parar mas não há perigo de escorregar.
São quatrocentos e vinte degraus até ao miradouro do topo da ilhota. Há um descanso mais ou menos a meio do caminho. A vista do topo é deslumbrante. Os turistas acotovelam-se para tirar selfies com a paisagem no fundo. Muitas vezes de tronco nu, numa tentativa inútil de batalhar contra o calor.
A praia lá em baixo é um bom incentivo para tirar as últimas fotografias e iniciar a descida. E é logo nos primeiros degraus que me apercebo que vai ser mais complicado do que aquilo que parecia inicialmente. Os pés molhados escorregam nos chinelos rijos de enfiar o dedo, um problema não antecipado. É difícil manter o equilíbrio e a descida acabar por ser mais lenta do que a subida.
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