Saímos das montanhas e de repente o verde escandaloso desaparece, fica seco. A paisagem muda, mais árido, as árvores desaparecem. Tufos aqui e ali, parece tundra. Os rios arrastam o castanho da terra e da poeira nas águas turbulentas. Mas só por algum tempo, à medida que nos aproximamos do mar, o verde volta a ganhar vida, o arvoredo reaparece.
O ferry faz a ligação entre Horseshoe Bay e a povoação de Nanaimo na ilha de Vancouver em cerca de hora e meia de trajecto. O ar está parado e o dia quente mas rapidamente o mar e a deslocação de ar arrefecem os ânimos. O dia brinda-nos com um céu de um azul claro ponteado de nuvens leves e translúcidas. Fico no deck superior quase o tempo de máquina em riste. Ao fundo vejo um skyline de torres altas – possivelmente é Vancouver que só veremos no dia seguinte quando deixarmos a ilha para trás e terminarmos o percurso naquela cidade.
Ainda temos uma centena de quilómetros para fazer entre Nanaimo – onde não paramos – e o objectivo do dia – a cidade de Vitória. À medida que nos vamos aproximando da cidade e progressivamente entramos, nota-se uma certa “pacificidade” na paisagem, isto é, semelhanças com outras regiões banhadas pelo mesmo oceano. As casas fazem-me lembrar São Francisco: pitorescas, de madeira, coloridas e com uma vidraça de duas arestas na frente. Um pequeno jardinzinho e um logradouro para o carro citadino. No centro, o edifício do Parlamento é o grande marco da cidade. À frente, uma estátua da Rainha Vitória que lança um olhar sobra a baía repleta de barcos e, ao lado direito, uma árvore milenar que é enfeitada todos os anos por ocasião do Natal.
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