terça-feira, 28 de setembro de 2010
O corredor separa os gabinetes da zona interior do edifício.
É uma espécie de quadrado alcatifado para o qual dão inúmeras portas pesadas de madeira clara. Passo pelo corredor lentamente para me abastecer de café; daquele café deslavado. E olho para dentro dos gabinetes enquanto faço aqueles metros de alcatifa verde. Olhos esbulhados, vidrados, encadeados pelo monitor colorido. Sempre um silêncio sepulcral, aqui e ali entrecortado por um telefonema. A mão esquerda invariavelmente segura a cabeça pesada de trabalho, a direita faz cliques sucessivos nos botões do rato. Corpos tortos, vergados pelo tempo e pelo desgaste, como que em sinal de deferência, de subserviência perante a máquina que lhes segura os olhos encadeados. Esmagados pelo mesmo peso que obriga a segurar a cabeça com a mão esquerda. E o silêncio. Sempre em silêncio.
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