segunda-feira, 27 de setembro de 2010
Há qualquer coisa naquele sotaque italiano.
Joga com o cabelo encaracolado. Faz-me lembrar pasta. A sério. Que coisa tão parva, dizer que o cabelo de uma mulher faz lembrar pasta. Mas é verdade, juro. E al dente. Bem rijinha, como quando os caracóis ficam bem desenhados, com volume. Imagino salpicar um pouco de gorgonzola que lentamente derrete na temperatura da sêmola. Imagino o garfo nos meio dos caracóis a fazer movimentos circulares como se enrolasse o esparguete sobre si mesmo, sobre os seus três dentes. Se não fosse italiana, se não falasse italiano quando está com outro conterrâneo, se não tivesse aquele sotaque – a culpa é sobretudo do sotaque – , então já não diria o mesmo. Quando muito, se fosse francesa, então talvez pudesse ser soufflé. Quando muito.
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