Adorava ser como aquelas pessoas que não se apegam às coisas. Que não guardam nada. Que não precisam de ter. Gostava de saber como fazem para não precisar de ter, para fazer com que as coisas não tenham valor, sejam desprovidas de interesse. Desapegadas. Têm apenas aquilo que faz parte do momento em que estão. E nada mais. Passam por cima de tudo e olham para o caminho à frente. Olhar para trás, sem olhar para trás, sem sequer pensar que existe alguma coisa atrás, há sempre qualquer coisa que ficou algures lá para trás. Mas eles não. Não se preocupam. Não precisam de se preocupar. Nunca guardam. Vivem sem a necessidade de ter a preocupação de quem se agarra às coisas, aos tempos, às pessoas. Nada. Um desapego absurdo. Largam tudo na berma da estrada, do percurso que trilham sem nunca olhar por cima do ombro, como se não estivesse lá nada, rigorosamente nada, que por um momento que seja lhes possa roubar a atenção. E nada mais. Seguem. Por cima de tudo. Por cima do nada que atribuem a tudo. Um desinteresse. Como se constantemente recomeçassem, como se só tivessem recomeços ao longo da vida. Estacas zero, umas a seguir às outras, uma linha delas, uma estrada delas.
E nada mais.
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