«Confie em mim, é sempre assim que as coisas se passam. Conheço a morte, sou um velho funcionário ao seu serviço, temos tendência sobrevalorizá-la, acredite no que lhe digo! Posso assegurar-lhe que ela não vale nada. Tudo aquilo que a precede e que, em certas situações, pode assumir contornos ultrajantes não pode ser imputado à morte: são circunstâncias que fazem parte da vida mais activa e que podem conduzir à cura e à sobrevivência. Ninguém que regressasse do reino dos mortos lhe poderia relatar qualquer coisa de concreto sobre a morte, porque ninguém a experiencia. Nascemos das trevas e é nelas que nos afundamos. Entre um pólo e o outro vivem-se experiências é certo, mas é verdade é que não experienciamos nem o princípio nem o fim, nem o nascimento nem a morte, o que significa que eles não têm carácter subjectivo. Enquanto fenómenos, pertencem exclusivamente à esfera do objectivo, é o que é.»
A montanha mágica, Thomas Mann
domingo, 1 de agosto de 2010
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