É uma viagem de oito horas para fazer pouco menos de 400 quilómetros. Por caminhos tortuosos, estradas em mau estado, abandonamos a região do Vale Sagrado e começamos a entrar na do Altiplano. Pelo caminho, atingimos em Las Rayas o ponto mais alto da deslocação, cerca de 4335 metros de altitude. Depois descemos para perto dos 3800 metros. A cidade de Puno surge com o lago como pano de fundo.
A teoria vigente diz que os povos Aimará, guerreiros oriundos da Argentina, se instalaram no lago para escapar aos Incas. Titicaca ou “puma gris” naquela língua. E instalar significa viver literalmente dentro da água. Construíram ilhas flutuantes com juncos (totora) onde ergueram casas, escolas, clínicas, restaurantes, cafés. A comunidade está a reduzir-se com o passar do tempo. Como consequência do contacto com o exterior, vivem, hoje em dia, essencialmente do turismo, com as subsequentes alterações no modo de vida daquelas pessoas que isso acarreta. A língua está em queda. A escola ensina castelhano e é essa língua que lhes abre portas, não o Aimara que só falam em família ou na comunidade. Os próprios barcos de junco, num dos quais o norueguês Thor Heyerdahl fez uma tentativa de travessia do Atlântico para tentar suportar a sua teoria de que já tinham existido contactos entre povos europeus e americanos antes de Colombo, já não são os mesmos. Deixaram de ser pequenos, para uma pessoa, para atingirem dimensões adequadas a proporcionar passeios a turistas. Alguns são uma espécie de catamarans com dois andares.
O lago Titicaca é a Veneza dos Andes. Com uma diferença fundamental: em vez de pagar 80 euros para passear de gôndola, bastam dez soles, cerca de dois euros e meio, para andar de barco.
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