No meu local de trabalho existe um sistema de controle de horários de trabalho. Picamos o ponto. Os funcionários, de acordo com o seu perfil de horário, têm que colocar um determinado número de marcações no sistema. Estas marcações podem ser feitas em terminais – espalhados por vários locais, concentrados nas entradas e perto dos elevadores – que lêem o cartão de funcionário ou através de uma aplicação no computador que também permite olhar para o histórico de marcações e lançar as férias, por exemplo.
Há dias observei pela primeira vez o sistema de ponto nos hospitais. Aquele em que é necessário colocar o dedo para que a maquineta faça a leitura da impressão digital. São uns pinchavelhos metálicos, cilíndricos, com uma abertura à altura da cintura para pôr o dedo e um teclado para introduzir a identificação do funcionário.
Achei aquilo degradante. Ofensivo. É óbvio que eu percebo que o sistema assim é mais rígido, menos susceptível de ser torneado. Mas eu não gostaria que me obrigassem a ter que pôr o meu indicador numa porcaria daquelas de cada vez que entro no meu local de trabalho. Porque é assumir, à partida, que eu sou mentiroso e que, à mínima possibilidade, vou tentar aldrabar e fazer menos horas do que aquelas que tenho que fazer.
quarta-feira, 30 de setembro de 2009
terça-feira, 29 de setembro de 2009
It's up to you
Texto que acompanha o envio da minha carta de condução (e as maiúsculas não são minhas): “JUNTO SE ENVIA A SUA CARTA DE CONDUÇÃO. DEPENDERÁ DE SI O SEU BOM USO.” Estava a pensar pô-la dentro da carteira e mantê-la lá a esmagadora maioria do tempo. A tirá-la, seria apenas a pedido (ou imposição) de algum agente da autoridade. Ou se o tipo do aluguer de automóveis quiser vê-la. Não sei se este é o uso adequado.
segunda-feira, 28 de setembro de 2009
Kuumemittari
Abstenção - 39,4
Minha temperatura corporal - 36,9
Partido Socialista - 36,6
Partido Social Democrata - 29,1
Minha temperatura corporal - 36,9
Partido Socialista - 36,6
Partido Social Democrata - 29,1
Ciclicality
“The measure of the facts is yet to be met by the measure of our acts”
Barack Obama
Barack Obama
domingo, 27 de setembro de 2009
Rock n' roll
O jazz teve uma Era do Swing. Mais ou menos lá para a década de trinta do século passado; morreu com a Segunda Guerra Mundial. Caracterizada pelas Big Bands. Os nomes mais sonantes eram o Duke Ellington e o Benny Goodman.
Hoje em dia vivemos numa Era de Swing Voters. Caracterizada por plataformas políticas relativamente vazias e pouco diferenciadas.
Hoje em dia vivemos numa Era de Swing Voters. Caracterizada por plataformas políticas relativamente vazias e pouco diferenciadas.
Unhas vermelhas
A barba do Rodrigo Guedes de Carvalho é interessante; a Ana Lourenço está uma autêntica estampa.
sábado, 26 de setembro de 2009
É uma viagem de oito horas para fazer pouco menos de 400 quilómetros. Por caminhos tortuosos, estradas em mau estado, abandonamos a região do Vale Sagrado e começamos a entrar na do Altiplano. Pelo caminho, atingimos em Las Rayas o ponto mais alto da deslocação, cerca de 4335 metros de altitude. Depois descemos para perto dos 3800 metros. A cidade de Puno surge com o lago como pano de fundo.
A teoria vigente diz que os povos Aimará, guerreiros oriundos da Argentina, se instalaram no lago para escapar aos Incas. Titicaca ou “puma gris” naquela língua. E instalar significa viver literalmente dentro da água. Construíram ilhas flutuantes com juncos (totora) onde ergueram casas, escolas, clínicas, restaurantes, cafés. A comunidade está a reduzir-se com o passar do tempo. Como consequência do contacto com o exterior, vivem, hoje em dia, essencialmente do turismo, com as subsequentes alterações no modo de vida daquelas pessoas que isso acarreta. A língua está em queda. A escola ensina castelhano e é essa língua que lhes abre portas, não o Aimara que só falam em família ou na comunidade. Os próprios barcos de junco, num dos quais o norueguês Thor Heyerdahl fez uma tentativa de travessia do Atlântico para tentar suportar a sua teoria de que já tinham existido contactos entre povos europeus e americanos antes de Colombo, já não são os mesmos. Deixaram de ser pequenos, para uma pessoa, para atingirem dimensões adequadas a proporcionar passeios a turistas. Alguns são uma espécie de catamarans com dois andares.
O lago Titicaca é a Veneza dos Andes. Com uma diferença fundamental: em vez de pagar 80 euros para passear de gôndola, bastam dez soles, cerca de dois euros e meio, para andar de barco.
A teoria vigente diz que os povos Aimará, guerreiros oriundos da Argentina, se instalaram no lago para escapar aos Incas. Titicaca ou “puma gris” naquela língua. E instalar significa viver literalmente dentro da água. Construíram ilhas flutuantes com juncos (totora) onde ergueram casas, escolas, clínicas, restaurantes, cafés. A comunidade está a reduzir-se com o passar do tempo. Como consequência do contacto com o exterior, vivem, hoje em dia, essencialmente do turismo, com as subsequentes alterações no modo de vida daquelas pessoas que isso acarreta. A língua está em queda. A escola ensina castelhano e é essa língua que lhes abre portas, não o Aimara que só falam em família ou na comunidade. Os próprios barcos de junco, num dos quais o norueguês Thor Heyerdahl fez uma tentativa de travessia do Atlântico para tentar suportar a sua teoria de que já tinham existido contactos entre povos europeus e americanos antes de Colombo, já não são os mesmos. Deixaram de ser pequenos, para uma pessoa, para atingirem dimensões adequadas a proporcionar passeios a turistas. Alguns são uma espécie de catamarans com dois andares.
O lago Titicaca é a Veneza dos Andes. Com uma diferença fundamental: em vez de pagar 80 euros para passear de gôndola, bastam dez soles, cerca de dois euros e meio, para andar de barco.
sexta-feira, 25 de setembro de 2009
terça-feira, 22 de setembro de 2009
segunda-feira, 21 de setembro de 2009
Condor #2
Quando Bingham chegou pela primeira vez à cidade de Pachacutec, trazido por um miúdo de oito anos que costumava brincar lá em cima na montanha, ninguém sabia o nome daquele local. Sabiam o nome das montanhas, os deuses: Machu Picchu e Wayna Picchu. Em Quechua, o primeiro é a Montanha Velha, a mais velha; o segundo, a Montanha Jovem, a mais baixa, a que aparece nas fotos clássicas do local. À falta de melhor, Machu Picchu acabou por ser empregue para designar a cidade perdida dos Incas.
Sempre me impressionou nos Incas – à semelhança de outros povos como os Egipcios – o nível de conhecimentos de astronomia e dos fenómenos meteorológicos, assim como o impacto que têm nas colheitas. Só as classes sociais altas tinham acesso a este conhecimento e às construções que serviam para assinalar, como uma precisão incrível, as datas importantes como os solstícios. As teorias vigentes avançam que esse conhecimento poderia servir para legitimar o seu poder: ao fazer “previsões” de quando viria a chuva indispensável para fertilizar a pachamama – a deusa terra – e, dessa forma, contribuir para assegurar a subsistência, justificavam a sua suposta divindade junto das classes mais baixas.
Sempre me impressionou nos Incas – à semelhança de outros povos como os Egipcios – o nível de conhecimentos de astronomia e dos fenómenos meteorológicos, assim como o impacto que têm nas colheitas. Só as classes sociais altas tinham acesso a este conhecimento e às construções que serviam para assinalar, como uma precisão incrível, as datas importantes como os solstícios. As teorias vigentes avançam que esse conhecimento poderia servir para legitimar o seu poder: ao fazer “previsões” de quando viria a chuva indispensável para fertilizar a pachamama – a deusa terra – e, dessa forma, contribuir para assegurar a subsistência, justificavam a sua suposta divindade junto das classes mais baixas.
domingo, 20 de setembro de 2009
Up neia
Cerca de dois quilómetros e meio repartidos por duas vezes três quartos de hora de molho. Há esperança.
sábado, 19 de setembro de 2009
sexta-feira, 18 de setembro de 2009
Armpit stop
Se eu estava a cozer, era normal que ela estivesse a assar. Aquele calor mediterrânico que transforma uns banais trinta graus de verão numa autêntica sauna. Assim que saía à rua começava a suar. Alemã, dos seus trinta e tais. Um aspecto muito informal, de quem vai para a praia com uma saia fininha e top de alças. Já a tinha visto noutra sessão. Lembro-me porque cheguei um pouco antes da hora de início e vi-a pedir ao co-autor para apresentar o paper e não ela, estava a sentir-se mal (com o calor?). Ainda por cima era uma daquelas salas da universidade de ciências sem ar-condicionado, apenas umas ventoinhas grandes, metálicas, cinzentas, muito barulhentas, era difícil perceber e seguir as apresentações. Naquele dia estávamos nas salas do centro da cidade, perfeitamente climatizadas, como manda a lei. Era chair: fez a introdução com os detalhes de tempo e a maneira como se iria desenrolar a discussão, com aquela frieza típica dos alemães, muito recta e linear a falar. O primeiro speaker falou, o segundo devia ir a meio caminho quando, de repente, aproximou o nariz do sovaco direito. Deu duas fungadelas. Nada discretas, ainda para mais para quem está sentada lá mesmo à frente, à espera de vez. Não deve ter gostado do resultado. Abriu a mala, em cima da mesa, tirou um recipiente pequeno e deu duas bombadas em cada sovaco. Não era um daqueles aerossóis barulhentos, antes um daqueles borrifadores pequenos com uma bomba de ar. Voltou a colocá-lo na mala com a mesma tranquilidade e virou novamente a cabeça para os slides, projectados na tela lá è frente.
quinta-feira, 17 de setembro de 2009
quarta-feira, 16 de setembro de 2009
Condor
O comboio sai de manhã cedo, muito cedo. Porque demora muito tempo, é extremamente lento. Um autêntico comboio da batata, de pelo menos um dos 3000 tipos comerciales de papas que acá tenemos. Cerca de três horas para fazer os 92 quilómetros. Muito turístico, com versões panpipe de coisas como o “Killing me softly”.
As cores amareladas, acastanhadas, secas, ficam progressivamente para trás. Os carris seguem o desfiladeiro sulcado pelo Urubamba, ladeando o rio como se fossem um segundo curso de água.
Quando finalmente nos aproximamos do destino, a paisagem, a vegetação mudam. Estamos agora a uma altitude inferior em 1000 metros à da origem, a meio caminho entre a montanha e a selva, numa zona de transição.
Águas Calientes é um interface de transportes disfarçado de aldeia. Uma espécie de Entroncamento que liga a estação de comboio aos autocarros que sobem a sinuosa estrada de terra – que aparentemente tem um único sentido mas, na realidade, tem dois – montanha acima até à entrada para a cidade dos Incas.
Alguns passos e degraus depois e esta vista saúda-nos:
As cores amareladas, acastanhadas, secas, ficam progressivamente para trás. Os carris seguem o desfiladeiro sulcado pelo Urubamba, ladeando o rio como se fossem um segundo curso de água.
Quando finalmente nos aproximamos do destino, a paisagem, a vegetação mudam. Estamos agora a uma altitude inferior em 1000 metros à da origem, a meio caminho entre a montanha e a selva, numa zona de transição.
Águas Calientes é um interface de transportes disfarçado de aldeia. Uma espécie de Entroncamento que liga a estação de comboio aos autocarros que sobem a sinuosa estrada de terra – que aparentemente tem um único sentido mas, na realidade, tem dois – montanha acima até à entrada para a cidade dos Incas.
Alguns passos e degraus depois e esta vista saúda-nos:
terça-feira, 15 de setembro de 2009
Eu, com uma boa meia hora, já me governo
“Quero o Terreiro do Paço tão pedonalizado quanto possível, mas já ali trabalhei durante cinco anos e há uma coisa de que não tenho dúvidas: a praça só é passível de fruição na zona das arcadas. A praça central é gelada e ventosa no Inverno e um forno no Verão. Ninguém consegue ir para ali namorar mais do que 30 minutos.”
Entrevista de António Costa ao Público
Entrevista de António Costa ao Público
segunda-feira, 14 de setembro de 2009
Estatísticas do último jogo do terceiro set
Uma bola na rede, um chouriço do Fed na tela, dois primeiros serviços e duas duplas faltas. Consecutivas.
domingo, 13 de setembro de 2009
sexta-feira, 11 de setembro de 2009
quinta-feira, 10 de setembro de 2009
Puma
À chegada à Casa Andina servem-nos chá. Não um qualquer: chá de mate de coca. Estimulante. O empregado de mesa aconselha-nos algo ligero para comer: dieta de pollo. Peço um chairo que, para o efeito, também serve perfeitamente.
O problema é o soroche, o mal de altitude. Passível de atingir quem sai dos menos de cem metros de altitude de Lima e, passado pouco mais de uma hora, aterra nos 3400m de Cusco, o umbigo do mundo. Dores de cabeça, náuseas, vómitos, diarreia, dificuldade de respirar, irritabilidade. Haganlo despacio, bebam muita água. E evitem o álcool, esqueçam o pisco sour, inca power.
Sinto um frio estranho. E, ao mesmo tempo, percebo que, por mais que me vista, não o vou deixar de sentir. É como se o corpo abrandasse, perdesse ritmo, se tornasse tão lento que nem conseguisse assegurar a sua própria temperatura. Depois habituo-me e, a partir daí, só sinto o ar seco que me fere a pele, os lábios, o nariz.
É uma questão de glóbulos vermelhos e hemoglobina. Os organismos dos locais já tiveram oportunidade de produzir mais para se adaptar às condições ásperas. Ficam com pulmões e corações maiores. De tal forma que puedo tener dos novios, afiança-nos uma das guias. Aquela que nos leva a Pisaq e Ollantaytambo, no Vale Sagrado dos Incas, aquele sulcada pelo rio Urubamba.
Cusco é o puma, Urubamba é a serpente. Só falta o condor.
O problema é o soroche, o mal de altitude. Passível de atingir quem sai dos menos de cem metros de altitude de Lima e, passado pouco mais de uma hora, aterra nos 3400m de Cusco, o umbigo do mundo. Dores de cabeça, náuseas, vómitos, diarreia, dificuldade de respirar, irritabilidade. Haganlo despacio, bebam muita água. E evitem o álcool, esqueçam o pisco sour, inca power.
Sinto um frio estranho. E, ao mesmo tempo, percebo que, por mais que me vista, não o vou deixar de sentir. É como se o corpo abrandasse, perdesse ritmo, se tornasse tão lento que nem conseguisse assegurar a sua própria temperatura. Depois habituo-me e, a partir daí, só sinto o ar seco que me fere a pele, os lábios, o nariz.
É uma questão de glóbulos vermelhos e hemoglobina. Os organismos dos locais já tiveram oportunidade de produzir mais para se adaptar às condições ásperas. Ficam com pulmões e corações maiores. De tal forma que puedo tener dos novios, afiança-nos uma das guias. Aquela que nos leva a Pisaq e Ollantaytambo, no Vale Sagrado dos Incas, aquele sulcada pelo rio Urubamba.
Cusco é o puma, Urubamba é a serpente. Só falta o condor.
quarta-feira, 9 de setembro de 2009
terça-feira, 8 de setembro de 2009
Pavo
Danielsan diz:
pá, eu vou à terra dos gajos que inventaram o chocolate
Danielsan diz:
já pensaste bem nisso?
Danielsan diz:
isso é que era um povo!!
Danielsan diz:
qual escrita
Danielsan diz:
qual números
Danielsan diz:
qual pólvora
Danielsan diz:
homem na lua
Danielsan diz:
CHOCOLATE!!!
AC diz:
o que era feito de nós sem esse bem essencial
AC diz:
lá nisso tens uma certa razão
AC diz:
não eramos os mesmos
Danielsan diz:
e ainda têm as folhas de coca
Danielsan diz:
(que devem ser mais baratas que as linhas)
AC diz:
mas é capaz de dar mais trabalho
Danielsan diz:
é só mascar!!
Danielsan diz:
aquela merda bate logo
Danielsan diz:
dá alte pica
Danielsan diz:
é estimulante, estilo cafeína
AC diz:
mas vê lá se n dá mau halito
AC diz:
senão é chato!
pá, eu vou à terra dos gajos que inventaram o chocolate
Danielsan diz:
já pensaste bem nisso?
Danielsan diz:
isso é que era um povo!!
Danielsan diz:
qual escrita
Danielsan diz:
qual números
Danielsan diz:
qual pólvora
Danielsan diz:
homem na lua
Danielsan diz:
CHOCOLATE!!!
AC diz:
o que era feito de nós sem esse bem essencial
AC diz:
lá nisso tens uma certa razão
AC diz:
não eramos os mesmos
Danielsan diz:
e ainda têm as folhas de coca
Danielsan diz:
(que devem ser mais baratas que as linhas)
AC diz:
mas é capaz de dar mais trabalho
Danielsan diz:
é só mascar!!
Danielsan diz:
aquela merda bate logo
Danielsan diz:
dá alte pica
Danielsan diz:
é estimulante, estilo cafeína
AC diz:
mas vê lá se n dá mau halito
AC diz:
senão é chato!
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