segunda-feira, 20 de julho de 2009
Estás mais magra. E as dores nas costas, do lado direito. Estás bem sentada em alguns sítios, não te ponham é no raio da cadeira de rodas. E deitada. De lado; sobre o lado esquerdo. Perdeste-te algures. Não estavas assim há dois meses: perdida. Nos meandros da tua memória que começou a ceder. Como um novelo que desenrola. Era o teu último bastião. Fortaleza inexpugnável. Mas até aí o peso dos anos chegou, galgou a muralha, derrotou a resistência feroz da tua vitalidade. Não sei o que custa mais, se a degradação física se a da tua cabeça: as confusões, os curto-circuitos. Já os conheço mas nunca os tinha conhecido em ti. Foi um alívio quando me reconheceste. Quando me fizeste perguntas indiscretas. Então, está a tirar nabos da púcara, é? E consegui que sorrisses. (Finalmente) aquela cara de malandra. Por entre as dores de costas e a posição lateral. Um ai fundo, um esgar profundo. Por entre os nomes trocados, a noção temporal desregulada, os desentendimentos. Sorriste. E eu pude sorrir de volta. (Finalmente).
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