segunda-feira, 10 de novembro de 2014
Nossa
Entra na carruagem do metro, um acordeão nas mãos. Um amplificador num suporte com umas rodinhas, parecido aos carrinhos que as senhoras de idade usam para ir às compras. Roupa velha e suja. E começa a tocar, a caixa de ritmos a acompanhar com um swing metálico. Uma escolha óbvia. Um clássico, o standard dos franceses (uma vez tive uma discussão com a minha professora de francês por causa deste tema), o autumun leaves (feuilles mortes, neste caso) - prolonga excessivamente a primeira nota, adultera um pouco o sentido da música. Poucos minutos depois, sem acabar, passa a outro tema. Percorre algumas coisas óbvias - My way, Sinatra nunca desaponta. Somewhere over the rainbow. Acaba com outro tema óbvio. Não toca, põe a caixa de ritmos a cuspir o Champs Elisées do Joe Dassin, enquanto percorre a carruagem, interpelando as pessoas com o copo para as moedas na mão. Tem pouco sucesso, sai da carruagem. Poucas estações depois entra outro. Faz um gig em tudo semelhante - um ou outro standard, Frank Sinatra, música ligeira francesa. A mesma reacção fria do público do metro da linha seis e, no final, pouco tilintar de moedas. Interessante foi o terceiro artista de metropolitano. As primeiras componentes do espectáculo foram essencialmente iguais. A terceira foi surpreendente. A música da volta triunfal foi o Ai se eu te pego. Começado a tocar antes do início da volta a recolher moedas: as pessoas a trautear a música, a bater o pé, meneios. E neste caso, sim, a recolha de moedas teve sucesso e finalmente houve moedas a entrar para o copo.
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