terça-feira, 11 de novembro de 2014

Até o amanhã é ontem às vezes

«O professor
- Estás a olhar para ontem, idiota?
E é verdade, estou a olhar para ontem, sempre olhei para ontem. Até o amanhã é ontem às vezes. Charlie Parker interrompeu uma vez uma gravação atirando com o saxofone, aos gritos
- Já toquei isto amanhã
e ninguém foi capaz de convencê-lo a continuar. Como eu o compreendo, como às vezes sinto
- Já escrevi isto amanhã
e rasgo tudo.»

Quarto livro de crónicas, António Lobo Antunes

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