terça-feira, 10 de setembro de 2013
Twenty something
Na fase em que falámos ainda não estava tão bêbeda como viria a ficar mais tarde – no final dessa noite, despediu-se de mim como os miúdos: com um beijo desajeitado que deixou a minha bochecha direita molhada – e saiu a porta literalmente a cambalear. Uns quantos bares antes desta saída pouco triunfal ficou ao meu lado e eu senti que os pints estavam a puxar para o sentimento. E de repente diz-me – nem foi bem dizer, foi mais confessar, como se tivesse cometido um crime inqualificável – que queria ser mãe. Que isso lhe passava pela cabeça cada vez mais. A língua entaramelada, a cabeça já pouco funcionava, falávamos meio em inglês meio em alemão – gabou-me a Aussprache. E eu perguntei-lhe se lhe podia fazer uma pergunta pessoal. Persönliche Frage. Estacou um pouco com a sensação do elevar da fasquia da seriedade. Que era falso, também tinha bebido uns pints. Na verdade só queria saber quantos anos tinha, e foi isso que lhe perguntei logo de seguida, assim que ela me deu autorização para a (falsa) pergunta pessoal. Vinte e oito. Achtundzwanzig ou twenty-eight. E qual é o espanto que te coloques essa questão? Naquele momento constatou verdadeiramente a sua idade.
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