Quando regressámos da Luisenplatz novamente para a Friedbergerplatz, a carrinha com a banca das würst e dos copos de vinho a ir-se. Mas ainda cheia de pessoas. Entramos no meio da multidão, da confusão. Sem querer, dou um chuto em qualquer coisa; olho pronto para pedir desculpa a alguém. Vejo apenas uma garrafa de vinho muito perto de cheia, derrubada, aparentemente sem dono. Continuamos até encontrar um poiso. É um botellón, digo armado em engraçado para a namorada de um amigo. Culatra: ela não faz ideia do que é e eu tenho que explicar como quem explicar o que é, vá, um carro.
Somos abordados por uma tipa. Impressão ex-ante: ou quer vender-nos qualquer coisa ou vem cravar um cigarro. Respondo-lhe em inglês para me tentar esquivar. Responde-me na mesma língua e não “deslarga”. Aparentemente a associação de moradores quer impedir que as pessoas fiquem ali depois das dez horas por causa do barulho. Temos que nos ir embora para que não acabem de vez com as sextas-feiras na Friedbergerplatz. No decurso da conversa, ficamos a saber que é por isso que está ali a meia dúzia de carros da polícia. Gozo um bocado o prato, são quase dez e ainda está ali aquela gente toda: “so basically you have two minutes to tell all this people they should leave”. “You’re some sort of Santa”. A certa altura penso que exagerei um bocado quando disse “you’re not the nicest person ever” mas ela engoliu e, o mais giro de tudo, quase tentou desculpar-se. Usou, para o efeito, o país e a nacionalidade: os alemães e o complexo. No final não resiste a perguntar donde sou – que eu não vendo barato, nunca vendo barato a quem quer que seja, faço ponto de honra. Pouco depois reparo que há um batalhão de pessoas como esta que nos abordou, a fazer as mesmas ameaças a cromos como nós, com o mesmo autocolante na lapela.
Ontem havia uma chinfrineira descomunal à minha janela. Música aos berros, pessoas na rua à conversa, aos berros. Eventualmente a final do Festival da Canção, esse acontecimento que tanto os excita e eu não consigo perceber nem como nem porquê. Ainda assim deitei-me, pensei que se na Friedbergerplatz têm os bacanos a mandar-nos desmarcar, alguém há de concerteza mandar calar estes mânfios.
Às 2h30 da manhã lá se cansaram.
domingo, 27 de maio de 2012
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