«I was really into Irene. I had my first orgasm with her. I remember the first time I bust my nuts I thought I had to pee and jumped up and ran to the bathroom. I had had a wet dream before, when I thought I had rolled over on an egg and burst it. But, man, I had never experienced nothing like that first nut. »
Miles, the autobiography
quinta-feira, 31 de maio de 2012
terça-feira, 29 de maio de 2012
It's complicated
Estou quase a sair quando percebo que estou a complicar tudo. Um sentimento misto de algum contentamente de ter percebido que afinal é mais fácil do que aquilo que parece com auto-censura por não ter percebido mais cedo que afinal é mais fácil do que aquilo que parece. Já não tenho tempo para olhar com atenção – está mesmo a chegar a hora para fechar o computador, vestir o casaco e fazer o corredor até ao elevador. Imprimo o paper, meto-o debaixo do braço. Vai comigo, nunca se sabe se o metro vai ser cúmplice de mais avanços.
De ideia em ideia. Nem sequer é de boa ideia em boa ideia: o problema das boas ideias é que só duram até percebermos que afinal não valem nada. Ex ante não sabemos quão resistentes vão ser à ideia seguinte. E pior: quanto tempo até perceber se a resistência já foi suficientemente posta à prova. Porque a decepção pode vir no minuto seguinte ou no ano seguinte. Ou nunca, caso em estamos perante uma bifurcação entre o certo ou apenas a presunção, até prova em contrário, do certo.
De ideia em ideia. Nem sequer é de boa ideia em boa ideia: o problema das boas ideias é que só duram até percebermos que afinal não valem nada. Ex ante não sabemos quão resistentes vão ser à ideia seguinte. E pior: quanto tempo até perceber se a resistência já foi suficientemente posta à prova. Porque a decepção pode vir no minuto seguinte ou no ano seguinte. Ou nunca, caso em estamos perante uma bifurcação entre o certo ou apenas a presunção, até prova em contrário, do certo.
segunda-feira, 28 de maio de 2012
Follow me
Tenho constantemente listas de coisas. Para fazer, para tratar. Para resolver. E assim que acabo uma, logo surge outra. Arrumadinha, limpinha, sem aqueles certos catitas que assinalam o cumprimento cabal da tarefa. Sem os riscos sobre as tarefas, sobretudo as mais irritantes: com as mais irritantes, perco o tempo de as riscar, deve ser uma espécie de sentimento de vingança. Sempre fiz esta porcaria destas listinhas, ajudam-me a não me esquecer das coisas, das tarefas, das porcariazinhas que estão constantemente por detrás da orelha, com o peso da consciência de ainda as não ter feito a moer o juízo. Agora ainda mais sinto necessidade delas, talvez porque sinta que ando a procrastinar mais do que nunca. Com a porcaria do papelinho com uns pontinhos irritantes de merditas para tratar sinto mais a culpa de ainda as não ter feito o que, espero, leve a que efectivamente as faça mais depressa. Enfim, resta saber. Tenho que averiguar. Vou pôr na lista para não me esquecer.
domingo, 27 de maio de 2012
Pois sim
Quando regressámos da Luisenplatz novamente para a Friedbergerplatz, a carrinha com a banca das würst e dos copos de vinho a ir-se. Mas ainda cheia de pessoas. Entramos no meio da multidão, da confusão. Sem querer, dou um chuto em qualquer coisa; olho pronto para pedir desculpa a alguém. Vejo apenas uma garrafa de vinho muito perto de cheia, derrubada, aparentemente sem dono. Continuamos até encontrar um poiso. É um botellón, digo armado em engraçado para a namorada de um amigo. Culatra: ela não faz ideia do que é e eu tenho que explicar como quem explicar o que é, vá, um carro.
Somos abordados por uma tipa. Impressão ex-ante: ou quer vender-nos qualquer coisa ou vem cravar um cigarro. Respondo-lhe em inglês para me tentar esquivar. Responde-me na mesma língua e não “deslarga”. Aparentemente a associação de moradores quer impedir que as pessoas fiquem ali depois das dez horas por causa do barulho. Temos que nos ir embora para que não acabem de vez com as sextas-feiras na Friedbergerplatz. No decurso da conversa, ficamos a saber que é por isso que está ali a meia dúzia de carros da polícia. Gozo um bocado o prato, são quase dez e ainda está ali aquela gente toda: “so basically you have two minutes to tell all this people they should leave”. “You’re some sort of Santa”. A certa altura penso que exagerei um bocado quando disse “you’re not the nicest person ever” mas ela engoliu e, o mais giro de tudo, quase tentou desculpar-se. Usou, para o efeito, o país e a nacionalidade: os alemães e o complexo. No final não resiste a perguntar donde sou – que eu não vendo barato, nunca vendo barato a quem quer que seja, faço ponto de honra. Pouco depois reparo que há um batalhão de pessoas como esta que nos abordou, a fazer as mesmas ameaças a cromos como nós, com o mesmo autocolante na lapela.
Ontem havia uma chinfrineira descomunal à minha janela. Música aos berros, pessoas na rua à conversa, aos berros. Eventualmente a final do Festival da Canção, esse acontecimento que tanto os excita e eu não consigo perceber nem como nem porquê. Ainda assim deitei-me, pensei que se na Friedbergerplatz têm os bacanos a mandar-nos desmarcar, alguém há de concerteza mandar calar estes mânfios.
Às 2h30 da manhã lá se cansaram.
Somos abordados por uma tipa. Impressão ex-ante: ou quer vender-nos qualquer coisa ou vem cravar um cigarro. Respondo-lhe em inglês para me tentar esquivar. Responde-me na mesma língua e não “deslarga”. Aparentemente a associação de moradores quer impedir que as pessoas fiquem ali depois das dez horas por causa do barulho. Temos que nos ir embora para que não acabem de vez com as sextas-feiras na Friedbergerplatz. No decurso da conversa, ficamos a saber que é por isso que está ali a meia dúzia de carros da polícia. Gozo um bocado o prato, são quase dez e ainda está ali aquela gente toda: “so basically you have two minutes to tell all this people they should leave”. “You’re some sort of Santa”. A certa altura penso que exagerei um bocado quando disse “you’re not the nicest person ever” mas ela engoliu e, o mais giro de tudo, quase tentou desculpar-se. Usou, para o efeito, o país e a nacionalidade: os alemães e o complexo. No final não resiste a perguntar donde sou – que eu não vendo barato, nunca vendo barato a quem quer que seja, faço ponto de honra. Pouco depois reparo que há um batalhão de pessoas como esta que nos abordou, a fazer as mesmas ameaças a cromos como nós, com o mesmo autocolante na lapela.
Ontem havia uma chinfrineira descomunal à minha janela. Música aos berros, pessoas na rua à conversa, aos berros. Eventualmente a final do Festival da Canção, esse acontecimento que tanto os excita e eu não consigo perceber nem como nem porquê. Ainda assim deitei-me, pensei que se na Friedbergerplatz têm os bacanos a mandar-nos desmarcar, alguém há de concerteza mandar calar estes mânfios.
Às 2h30 da manhã lá se cansaram.
quinta-feira, 24 de maio de 2012
Stolen moments
A placa de fundo azul tinha uma indicação em vermelho: chiuso, closed, fermé, gesperrt. Paramos num restaurante para nos certificarmos que a estrada está mesmo intransitável. A senhora italiana fica a olhar para mim quase condoída quando se apercebe da minha desilusão por não conduzir o Passo dello Stelvio.
Voltar para trás. Há outra estrada que nos vai permitir entrar na Suíça e atravessá-la até chegar ao sul da Alemanha, às margens do lago Constança. Porque razão estaria o Passo fechado, não perguntei à senhora. Pode ser mau tempo mas estamos na segunda metade de Maio.
Os quilómetros vão-se seguindo. Voltamos a subir, há outro passo, é preciso atravessar outra montanha. Este tem uma indicação em verde numa placa de fundo azul. Estradas sinuosas, voltamos a subir com ravinas impressionantes. As gotas de chuva tornam-se mais pesadas e lentas, desfazem-se contra o pára-brisas.
De repente a chuva é neve. Lá no alto – dois mil e tal metros – a escuridão é maior, a noite caiu e é inverno. Descer novamente, com cuidado, há algum gelo na estrada. Já passa das nove da noite, não faltam muitos quilómetros mas são estes quilómetros difíceis de curva contra curva.
À terceira placa de fundo azul foi de vez. Nova indicação vermelha. Está fechado. Desta vez vê-se claramente a cancela que bloqueia a passagem para o início da subida. Como raio se sai daqui outra vez? Não se sai. Estamos numa pequena vila (aldeia?), paramos num de dois hotéis com pinta de poiso para entusiastas de ski.
A senhora batalha com inglês, o alemão é suíço. Ouve-nos e diz: são portugueses? O filho que veio para a ajudar com a comunicação esboça um sorriso, sendo assim já não precisas de mim. Temos alojamento e temos jantar, bem servido, tarde e más horas.
No dia seguinte falo com o filho. Tenta em italiano e eu pergunto-lhe se podemos mudar para alemão. Auf jeden Fall. Diz-me que a estrada ainda está fechada. Pergunto se é a neve a derreter, ele diz que não é bem isso mas não percebo exactamente a explicação que me dá. A saída? Comboio para Klockers. Um túnel de quase vinte quilómetros percorrido por um comboio que nos leva dentro do carro. Vinte minutos de escuridão que termina no outro lado da montanha. No lado onde as estradas estão abertas.
Seguimos viagem.
Voltar para trás. Há outra estrada que nos vai permitir entrar na Suíça e atravessá-la até chegar ao sul da Alemanha, às margens do lago Constança. Porque razão estaria o Passo fechado, não perguntei à senhora. Pode ser mau tempo mas estamos na segunda metade de Maio.
Os quilómetros vão-se seguindo. Voltamos a subir, há outro passo, é preciso atravessar outra montanha. Este tem uma indicação em verde numa placa de fundo azul. Estradas sinuosas, voltamos a subir com ravinas impressionantes. As gotas de chuva tornam-se mais pesadas e lentas, desfazem-se contra o pára-brisas.
De repente a chuva é neve. Lá no alto – dois mil e tal metros – a escuridão é maior, a noite caiu e é inverno. Descer novamente, com cuidado, há algum gelo na estrada. Já passa das nove da noite, não faltam muitos quilómetros mas são estes quilómetros difíceis de curva contra curva.
À terceira placa de fundo azul foi de vez. Nova indicação vermelha. Está fechado. Desta vez vê-se claramente a cancela que bloqueia a passagem para o início da subida. Como raio se sai daqui outra vez? Não se sai. Estamos numa pequena vila (aldeia?), paramos num de dois hotéis com pinta de poiso para entusiastas de ski.
A senhora batalha com inglês, o alemão é suíço. Ouve-nos e diz: são portugueses? O filho que veio para a ajudar com a comunicação esboça um sorriso, sendo assim já não precisas de mim. Temos alojamento e temos jantar, bem servido, tarde e más horas.
No dia seguinte falo com o filho. Tenta em italiano e eu pergunto-lhe se podemos mudar para alemão. Auf jeden Fall. Diz-me que a estrada ainda está fechada. Pergunto se é a neve a derreter, ele diz que não é bem isso mas não percebo exactamente a explicação que me dá. A saída? Comboio para Klockers. Um túnel de quase vinte quilómetros percorrido por um comboio que nos leva dentro do carro. Vinte minutos de escuridão que termina no outro lado da montanha. No lado onde as estradas estão abertas.
Seguimos viagem.
segunda-feira, 21 de maio de 2012
Há pessoas que falam da primeira recordação que têm.
Descrevem algo vívida e nitidamente e depois acrescentam que é a primeira coisa de que se lembram. Sempre me fez uma confusão tremenda: não faço a mínima ideia como é possível terem a noção de que não se lembram de nada do que está para trás. Ou de que o registo começou naquele preciso momento. É claro que tenho recordações – vívidas e nítidas, por sinal – de infância, aliás, da mais tenra. Embora tenha alguma noção da cronologia (esta aconteceu depois daquela, por exemplo), é-me totalmente impossível atribuir a qualquer delas o início.
domingo, 20 de maio de 2012
sábado, 19 de maio de 2012
domingo, 13 de maio de 2012
sexta-feira, 11 de maio de 2012
quinta-feira, 10 de maio de 2012
São Miguel
Numa das paredes da sala estava o quadro, um de tantos com imagens alusivas à França. Fotografias, a maioria com os grandes marcos de Paris, como não podia deixar de ser. A edificação no topo de uma rocha no mar era dos poucos (o único?) que não fugia à tirania da capital. É assim que me lembro de ter sido apresentado ao Mount Saint Michel, naquela sala de aula há cerca de metade da minha vida. Um dia perguntei à Angeline o que era e donde era exactamente a imagem. Explicou-me. Na altura, fiquei com a ideia de um sítio místico e inóspito, sujeito a ficar isolado do resto da França ao sabor dos caprichos das marés.
A imagem romântica foi desfeita quando, anos mais tarde, me falaram da afluência de turistas ao local. Mas só agora o comprovei. Aterro no Charles de Gaulle ao início da tarde e fazemo-nos ao caminho. Normandia, as praias cinzentas do desembarque, fustigadas pelo forte vento. Renomeadas com termos americanos: Omaha, Utah. Entretanto, a noite cai. A chuva não pára. E, lá ao fundo, as luzes que iluminam o monte surgem a certa altura. Inconfundíveis, os contornos da construção são distintos.
Deixamos as tralhas na espelunca onde vamos passar a noite e voltamos a sair para tirar uma fotografia nocturna. Pouco depois de Pontorson – que vive exclusivamente da proximidade ao local – e deparamo-nos com o enorme, gigante parque de estacionamento. A estrada está agora barrada alguns quilómetros antes: até há pouco tempo, era possível conduzir quase até à entrada. Agora il faut prendre les navettes. Ou andar. Andamos. Sem saber muito bem por onde, à noite todos os gatos são pardos. Disparo a máquina perto da estrada intransitável. Sinto os primeiros pingos nas mãos, cabeça. A chuva apanha-nos e voltamos para o carro.
O tempo teima em estragar-nos o dia seguinte. O local não tem metade da piada com o fundo cinzento das nuvens. Do lado direito, os antigos parques de estacionamento desertos. Entramos e subimos a ruela estreita de calçada, passando pelos cafés e pelas armadilhas de turistas e ultrapassando a enchente de japoneses. Há uma fila lá no alto à porta da abadia: chegámos cinco minutos antes de abrir, está escrito num cartaz. As salas enormes e despidas. Seguimos as indicações de um panfleto em, pasmem-se, português. No terraço tiramos as fotografias da praxe com os desenhos da água na areia e lama escuras.
A meio da manhã estamos despachados. Saímos. Vamos na direcção oposta à das hordas de locais e americanos – menos matutinos que os nipónicos – que sobem agora a ruela estreita. Corremos para o carro porque recomeçou a chover.
A imagem romântica foi desfeita quando, anos mais tarde, me falaram da afluência de turistas ao local. Mas só agora o comprovei. Aterro no Charles de Gaulle ao início da tarde e fazemo-nos ao caminho. Normandia, as praias cinzentas do desembarque, fustigadas pelo forte vento. Renomeadas com termos americanos: Omaha, Utah. Entretanto, a noite cai. A chuva não pára. E, lá ao fundo, as luzes que iluminam o monte surgem a certa altura. Inconfundíveis, os contornos da construção são distintos.
Deixamos as tralhas na espelunca onde vamos passar a noite e voltamos a sair para tirar uma fotografia nocturna. Pouco depois de Pontorson – que vive exclusivamente da proximidade ao local – e deparamo-nos com o enorme, gigante parque de estacionamento. A estrada está agora barrada alguns quilómetros antes: até há pouco tempo, era possível conduzir quase até à entrada. Agora il faut prendre les navettes. Ou andar. Andamos. Sem saber muito bem por onde, à noite todos os gatos são pardos. Disparo a máquina perto da estrada intransitável. Sinto os primeiros pingos nas mãos, cabeça. A chuva apanha-nos e voltamos para o carro.
O tempo teima em estragar-nos o dia seguinte. O local não tem metade da piada com o fundo cinzento das nuvens. Do lado direito, os antigos parques de estacionamento desertos. Entramos e subimos a ruela estreita de calçada, passando pelos cafés e pelas armadilhas de turistas e ultrapassando a enchente de japoneses. Há uma fila lá no alto à porta da abadia: chegámos cinco minutos antes de abrir, está escrito num cartaz. As salas enormes e despidas. Seguimos as indicações de um panfleto em, pasmem-se, português. No terraço tiramos as fotografias da praxe com os desenhos da água na areia e lama escuras.
A meio da manhã estamos despachados. Saímos. Vamos na direcção oposta à das hordas de locais e americanos – menos matutinos que os nipónicos – que sobem agora a ruela estreita. Corremos para o carro porque recomeçou a chover.
sexta-feira, 4 de maio de 2012
Picar o ponto
Vir para partir outra vez. Últimos retoques numa mala que nunca chega a estar verdadeiramente desfeita: passa mais tempo no sofá do que eu. Em construção, de boca aberta à espera da tralha que falta.
quarta-feira, 2 de maio de 2012
Je ne suis pas votre élève
Sarko passa a vida a associar Hollande à esquerda do resto da Europa. A certa altura, Hollande usa Berlusconi e a direita dele para o associar à direita do Sarko. É ou não é verdade que o Berlusconi é da direita? Sarko foge. O François: não quer responder à minha pergunta?
Coisas chiques para uma noite de quarta-feira
Ver o debate entre o Sarko e Hollande na TF1.
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