Porsches e cozinhas
Não, até porque o foco está muito na pequena fraude com os fundos, estão a recuperar-se as histórias que ocorreram nos anos de 1980, 1990, do empresário que recebeu o dinheiro dos fundos europeus e que em vez de o investir foi comprar um Porsche. Essas fraudes, neste momento, estão muito mais controladas, diria que já não se fazem, mas que permitem ao discurso político vir dizer: ‘Como viram, isto correu tudo bem porque já ninguém comprou Porsches ou renovou a cozinha’. E é verdade que está tudo mais informatizado e é mais difícil fazer uma fraude desse género neste momento. Mas com o foco neste tipo de fraudes, esquece-se todo o resto, que é o que acontece a montante, e isto de duas formas: a primeira, é com a escolha dos projetos que são financiados, há vários tipos de financiamentos europeus, diversas formas de fazer o financiamento, que podem ir, por exemplo, para aquelas linhas de financiamento das empresas, e quando se fala de fraude, e é aí que devemos ter agora alguma da atenção. Mas há outras coisas. As grandes obras públicas têm sido financiadas por fundos europeus, e aí a questão não é tanto quem é que ficou com o dinheiro. Imagine-se que se volta a fazer um TGV, a escolha do TGV ou a opção por fazer um novo aeroporto, temos que pode ser desnecessária a obra em si, ou desnecessário o tamanho da obra, mas que se decide fazer porque se sabe que isso vai favorecer determinados grupos económicos, ou até a localização das obras. Fazendo-se uma grande obra no município x em vez de se fazer no município y, porque o município x é governado pelo partido do poder ou porque é necessário, também por razões políticas, que ali haja um determinado benefício.
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