domingo, 31 de maio de 2015

Back and forth

E de todas as vezes que te perguntaste porquê - com alguma incredulidade, não havia nenhuma razão (aparente) - e pensaste que não conseguias juntar a coragem suficiente para me perguntar (ou não quiseste). Digo-te que não teria feito nenhuma diferença - também eu pergunto porquê. E também não tenho a coragem suficiente para me perguntar (ou não quis).

sábado, 30 de maio de 2015

Abono

O conceito de testemunha abonatória é algo que me parece curioso. Alguém que fornece a sua opinião pessoal sobre o carácter e a conduta de uma dada pessoa. Nas minhas palavras, atesta a porreirice alheia. Se quiser uma opinião sobre um problema de saúde falo com um médico e não com um advogado, um pedreiro ou um mecânico. Mas se o meu carro estiver avariado procuro um mecânico. No caso da testemunha abonatória, não há nenhuma característica técnica que seja necessária para exercer essa função - em princípio, ninguém se formou em reconhecimento da porreirice alheia. Donde, qualquer médico, advogado, pedreiro, mecânico ou mesmo, desempregado, reune as competências técnicas e está igualmente habilitado a exercer tal função. E, no entanto, em alguns casos, este atestado de porreirice parece depender da profissão ou estatuto daquele que atesta - como se os galões da testemunha fizessem automaticamente aumentar a qualidade do testemunho e, por sua vez, do testemunhado. E isso, sim, é interessante. E isso, sim, diz muito sobre nós e o nosso carácter. Embora, eventualmente, de uma forma não muito abonatória.

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Geografia

Uma bandeira da Venezuela (acho que era) a ser agitada no festival da Euro(euro!!)visão.

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Odd

As pessoas nunca se comparam face aos ímpares. Assim como a pressão de ímpares não incomoda ninguém.

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Um post sobre ténis

Na recta final daquela que é talvez a época de terra batida que vai acabar com um resultado diferente das dos últimos dez anos (ou praticamente todas). E, ainda assim, não se pode dizer que seja aberta. Pelo menos da forma como costumava ser, de como me lembro - longe vão os tempos em que a terra de Roland Garros gerava surpresas e coroava os campeões mais improváveis.

Nadal foi batido (sumariamente, diga-se) em todos os torneios de terra batida (e todos os outros antes destes) que antecedem o Grand Slam, algo que julgo acontecer pela primeira vez na sua carreira. A falta de surpresa: o caminho está trilhado para Djokovic, que não está a conseguir perder praticamente todos os torneios em que participa. Há alturas em que gostava que me provassem errado.

segunda-feira, 11 de maio de 2015

Sentido

Testou-se para a possibilidade de uma raiz unitária com receio de ter uma existência espúria.

domingo, 10 de maio de 2015

Certeza na dúvida

I could be wrong
Have you ever said that and actually meant it?
(pausa, olhos tecto)
No

Blue Bloods

sábado, 9 de maio de 2015

Purpose

Going through life without knowing whether you're actually taking credits or just auditing.

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Em nome do nome

Estive para me chamar Rui. Segundo consta. Acabou por não ser e honestamente não me imagino com outro nome. Sinto que não me pertenceria, que não me assentaria. E, no entanto, quão diferente poderia eu ter sido daquilo que sou hoje acaso me chamasse Rui? Quanto é que outro nome me poderia mudar? Quanto de mim, quanto daquilo que sou é o meu nome?

Uma parte de mim gosta de dizer rigorosamente nada: seria como mudar apenas a designação de algo, mais nada. O nome em si nem deveria fazer parte de mim, é só uma designação prática. Nomes são etiquetas que se põem às pessoas e nada mais do que isso. Mudar a etiqueta não tem impacto nenhum sobre a coisa: se a caneta se chamasse lápis continuaríamos a depreender o mesmo objecto mas chamar-lhe-íamos outra coisa.

Outra parte de mim compreende a energia investida pelos pais na escolha de nomes para crianças. E as discussões em que alguém tenta desencorajar os pais de uma criança a não lhe darem um dado nome. Quando era miúdo lembro-me de pensar que o pior nome que se podia ter era Diogo por causa do “baixa as cuecas que lá vai fogo”.

Várias partes de mim sabem que não somos nem objectos nem coisas. Ao contrário das canetas e dos lápis, o nosso nome é parte integrante da nossa identidade. Assim como o minha cara, a minha expressão, a cor do meu cabelo, a minha altura. Bem ou mal, crescemos com ele. Soa-me estranho quando o digo (não quando o oiço de outra pessoa), da mesma forma que a minha voz gravada não parece minha.

E, no entanto, já não poderia ter qualquer outro nome.

terça-feira, 5 de maio de 2015

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Montage of a heck

Entrevistas com familiares, gravações que dão uma ideia da juventude e adolescência de Kurt Cobain. Mas são os filmes caseiros que tornam o espectador num intruso, num voyeur da progressiva decadência. Não há nada de surpreendente na associação de Kurt Cobain com drogas. Mais difícil dizer o mesmo em relação à sua imagem esquálida e titubeante, magro e de aspecto débil, com Courtney Love às cavalitas.

O percurso dos Nirvana – como se juntaram? – e o salto vertiginoso do (quase-) anonimato para o estrelato é aparentemente um dado adquirido. E, no entanto, quando penso nisso, sei menos sobre o assunto do que aquilo que esperaria após sair da sala de cinema. Apenas que Kurt era surpreendentemente (?) ambicioso para quem se preocupava pouco (?) com a opinião alheia.

Num discurso no festival South by Southwest de 2013, Dave Grohl – a maior ausência do documentário, segundo consta estaria a promover o mais recente álbum – partilha com a audiência o seu espanto quando, numa reunião com uma grande produtora, Cobain responde à pergunta “So, what do you guys want?” com “we want to be the biggest band in the world”. Grohl riu-se, pensou que Cobain estava a brincar. Não estava.

É preciso relembrar onde estava o mundo da música naquela altura, diz Grohl, e percorre o Billboard top ten de 1990: Bon Jovi, Madonna, Phil Collins, Mariah Carey, Roxette, etc.. Foi neste contexto – “mainstream world of polished pop music” – que os Nirvana chegaram ao top.

domingo, 3 de maio de 2015

n e n-1

Em entrevista a Bill Maher, Sam Harris diz que crentes e ateístas não estão assim tão longe uns dos outros. Os primeiros acreditam num deus mas não acreditam em todos n-1 restantes; os segundos só estão a um deus de distância, não acreditam em n deuses.

This song has two notes only