quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

For whom the bell tolls

Assim que surge a máquina fotográfica e fazemos a pose, os miúdos vêm a correr pôr-se à nossa frente, encostados às nossas pernas. Como se reagissem à máquina da mesma forma que o elefante do jardim zoológico reage à cenoura e toca o sino. Riem e sorriem para a foto, estão divertidos. Depois sentam-nos no tapete na tenda aberta, a mãe chega com o bule e os copos, preparam-nos para o ritual do chá. Os miúdos ficam à volta da mãe, têm na boca os rebuçados que lhes demos. Falam entre eles, não percebemos nada. Sentimo-nos a mais, sentimo-nos a mais. Não sabemos como agir, não sabemos o que fazer excepto que a certa altura é suposto darmos mais do que uns rebuçados, é suposto deixarmos algum dinheiro. Porque é tudo falso e artificial, uma forma de ganharem algum dinheiro. Falamos como podemos entre nós tentando não ser perceptíveis sobre quanto deixar – não sabemos. À primeira oportunidade, deixo uma moeda de 10 dirhams na mão de cada um dos três miúdos e saímos dali. A última imagem que guardo é de olhar para trás enquanto me afastava e ver a mãe de braço esticado e sem o sorriso com que nos recebeu a recolher as moedas das mãos dos filhos.

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