quarta-feira, 29 de abril de 2009

Parietal

As eventuais referências – leia-se, críticas e puxões de orelha – que o Cavaco fez ao Governo têm estado na ordem do dia. Sobretudo porque Sócrates sacudiu a água do capote e reencaminhou-as para a oposição. Imediatamente, políticos e comentadores (ou wannabe políticos) insurgiram-se, acharam um escândalo que o Engenheiro (wannabe) fugisse com o rabo à seringa, os recados eram nitidamente para ele e, desta forma, está apenas a negar o evidente e a tentar condicionar a palavra e a actuação do Presidente.

Eu acho que estiveram os dois mal. Há uma certa cultura de fazer referências não explícitas em discursos políticos que é feia, baixa, mesquinha. E o actual Presidente está, obviamente, longe de ser o único a fazê-lo. Se o Cavaco quer dar uma reprimenda pública ao Sócrates, então assuma-a e refira sem margem para dúvidas o seu intuito. Caso contrário, fale sobre outra coisa. É que assim lembra muito aquelas conversas papagueadas do futebol, onde grassam (faz sentido, eles jogam em relva) expressões como “certas e determinadas pessoas” ou “há quem ache que” ou “vocês sabem do que eu estou a falar”.

E convém que um Presidente de uma República se demarque deste tipo de chachadas, pá.

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