quinta-feira, 27 de outubro de 2016
quarta-feira, 26 de outubro de 2016
terça-feira, 25 de outubro de 2016
New Yorker pela Hilária
domingo, 23 de outubro de 2016
A análise geopolítica reinventada
Num programa de televisão, Felipe Pathé Duarte fala das relações da Rússia com os EUA e a Nato. A certa altura diz que a Rússia se sente invadida no seu espaço vital e, de seguida, faz uma tentativa de acrescentar o estrangeirismo "Lebensraum", no alemão que lhe deu origem. Infelizmente para ele e felizmente para todos nós saiu-lhe um bocado ao lado: disse "Liebestraum" (ou talvez mais "Liebenstraum" mas para o efeito não interessa), que não é nada mais do que um sonho de amor. A Rússia invadida no seu sonho de amor é das coisas mais românticas que já ouvi e, estou seguro, também Putin. Reminiscências de Franz Liszt e dos seus famosos sonhos de amor. Aqui fica o terceiro, pelas mãos de uma jovem que, para além de tocar sonhos, terá certamente a capacidade de os gerar em terceiros.
sábado, 22 de outubro de 2016
Sócrates entra no restaurante e o empregado pergunta-lhe se tem uma reserva.
Está em nome de um amigo.
segunda-feira, 17 de outubro de 2016
domingo, 16 de outubro de 2016
sábado, 15 de outubro de 2016
Pois bem
Os ministros do Brexit e Comércio manifestaram a sua confiança de que o resultados das negociações com a restante Europa não vai conduzir à forma mais extrema de saída do Reino Unido da Comunidade: na ausência de um acordo, com poucas disposições transitórias e numa reversão para as regras da WTO. A razão para isso é que os restantes países percebem que penalizar o Reino Unido tem um impacto negativo para as suas próprias economias. O argumento é lógico e racional mas é demasiado parecido a outro muito propalado até meados de Julho: os britânicos não vão votar no Brexit porque estão conscientes dos custos económicos envolvidos, vão votar com a carteira e não com o coração.
sexta-feira, 14 de outubro de 2016
quinta-feira, 13 de outubro de 2016
Um Difusor De Aromas Musicais Chamado Jan Garbarek
(Publicado originalmente aqui)
A funcionária do CCB sobe as escadas do Grande Auditório a correr, ao mesmo tempo que fala para o punho como nos filmes, qual agente dos Serviços Secretos encarregado de proteger o presidente americano. Prepara-se para ir rapidamente buscar mais um espectador ao topo da plateia e encaminhá-lo até ao seu lugar, numa altura em que a hora de início se aproxima perigosamente. No final de mais um trajecto, agita o panfleto relativo ao concerto em frente à face, tentado repelir o calor.
Já Jan Garbarek tem a campânula de um saxofone em frente à sua face, que tapa sensivelmente a metade inferior, na fotografia do outdoor do mesmo concerto. No canto inferior direito, num círculo vermelho, lê-se: «O CCB presta homenagem e dedica este concerto a José Duarte, por ocasião dos 50 anos do programa “Cinco Minutos de Jazz”».
É um dos nomes mais badalados do jazz escandinavo, com um percurso que já o juntou, entre outros, a Keith Jarrett, Gary Peacock e Charlie Haden. A Garbarek é associado um estilo de jazz ambiental, como se o saxofonista fosse uma espécie de difusor de aromas ou um pot-pourri. Há, inclusivamente, quem lhe atribua, nem sempre de forma elogiosa, um rótulo de new age, mormente aqueles mais ortodoxos que se identificam com uma corrente de jazz mais tradicional.
Se a inspiração no mundo da música popular escandinava é a nota dominante, a música de Garbarek não se cingiu apenas àquela sua região natal – está repleta de outras fontes – neste sentido, talvez o termo pot-pourri, na acepção musical, ganhe alguma aderência –, espelhadas nas inúmeras colaborações com músicos de outras latitudes, com especial destaque para a música indiana. E isso nota-se na composição do seu quarteto: Rainer Brüninghaus, pianista que o acompanha há muitos anos, o “nosso” baixista brasileiro Yuri Daniel e o indiano Trilok Gurtu na bateria e percussão.
Há uma certa solenidade latente nos gestos e nas posturas, da qual me lembrava da única outra vez que vi o músico norueguês há uns bons anos. Por exemplo, na forma como os músicos tomam os respectivos lugares e fazem uma vénia de agradecimento ao público de uma forma quase sincronizada, mais ou menos como as moças da natação nos Jogos Olímpicos. Uma espécie de vénia em uníssono, para usar a imagem musical equivalente e, desta forma, recorrer à sinestesia.
Mas essa quase formalidade e distanciamento não duraram muito, foram rapidamente desfeitos. Talvez para isso tivesse contribuído o ritmo, que parece ter ganho força à medida que o espectáculo foi progredindo: de um tema inicial, lá está, bastante ambiental, quase introspectivo, com notas longas e prolongadas, o set estava, pouco depois, repleto de elementos rítmicos e uma dinâmica que contagiou o público – será este fenómeno o equivalente musical das alterações climáticas?
Para isso também ajudou bastante a atitude quase paternalista de Garbarek que, qual chefe benevolente, inúmeras vezes ao longo do concerto deu todo o espaço possível para os seus músicos brilharem. Foram vários os solos sem qualquer acompanhamento, que arrancaram ovações ruidosas da plateia, e que ocuparam uma parte muito substancial das cerca de duas horas e pouco de concerto. Em particular, o baterista/percussionista, na última exibição, utilizou uma série de instrumentos, incluindo a sua voz e estalidos com a língua, assim como um balde com água: um milagre o microfone ter sobrevivido aos salpicos provocados pelas pancadas mais fortes. E isto sem deixar de fora um fabuloso solo de piano, que arrancou com sonoridades clássicas, passando pelo blues e ragtime, e outro de baixo, muito físico, com o Yuri Daniel, e o som crispy do seu baixo, a encher-nos de slaps, slides, legatos.
Nem por uma vez alguém dirige uma palavra que seja ao público. Não há lugar a apresentar os membros do quarteto. Nem sequer a um simples “obrigado”. Mas a comunicação não fica atrás de outros concertos em que as palavras abundam. Basta verificar as várias reacções efusivas do público, assim como a forma como se envolveu nas músicas, nos solos, batendo palmas mediante solicitação ou na ausência da mesma.
A camisa estilo lumberjack de Jan Garbarek leva-me até às paisagens nórdicas, com tudo o que têm de deslumbrante, assim como de selvagem e inóspito. Imagino-o sem o saxofone por um momento, a cortar lenha com um machado, um fjorde no horizonte a abrir um abismo daqueles de cortar a respiração, que dispensa quaisquer palavras. Talvez por isso o saxofonista norueguês seja pouco dado a utilizá-las. É que pensando bem, não são precisas para rigorosamente nada.
A funcionária do CCB sobe as escadas do Grande Auditório a correr, ao mesmo tempo que fala para o punho como nos filmes, qual agente dos Serviços Secretos encarregado de proteger o presidente americano. Prepara-se para ir rapidamente buscar mais um espectador ao topo da plateia e encaminhá-lo até ao seu lugar, numa altura em que a hora de início se aproxima perigosamente. No final de mais um trajecto, agita o panfleto relativo ao concerto em frente à face, tentado repelir o calor.
Já Jan Garbarek tem a campânula de um saxofone em frente à sua face, que tapa sensivelmente a metade inferior, na fotografia do outdoor do mesmo concerto. No canto inferior direito, num círculo vermelho, lê-se: «O CCB presta homenagem e dedica este concerto a José Duarte, por ocasião dos 50 anos do programa “Cinco Minutos de Jazz”».
É um dos nomes mais badalados do jazz escandinavo, com um percurso que já o juntou, entre outros, a Keith Jarrett, Gary Peacock e Charlie Haden. A Garbarek é associado um estilo de jazz ambiental, como se o saxofonista fosse uma espécie de difusor de aromas ou um pot-pourri. Há, inclusivamente, quem lhe atribua, nem sempre de forma elogiosa, um rótulo de new age, mormente aqueles mais ortodoxos que se identificam com uma corrente de jazz mais tradicional.
Se a inspiração no mundo da música popular escandinava é a nota dominante, a música de Garbarek não se cingiu apenas àquela sua região natal – está repleta de outras fontes – neste sentido, talvez o termo pot-pourri, na acepção musical, ganhe alguma aderência –, espelhadas nas inúmeras colaborações com músicos de outras latitudes, com especial destaque para a música indiana. E isso nota-se na composição do seu quarteto: Rainer Brüninghaus, pianista que o acompanha há muitos anos, o “nosso” baixista brasileiro Yuri Daniel e o indiano Trilok Gurtu na bateria e percussão.
Há uma certa solenidade latente nos gestos e nas posturas, da qual me lembrava da única outra vez que vi o músico norueguês há uns bons anos. Por exemplo, na forma como os músicos tomam os respectivos lugares e fazem uma vénia de agradecimento ao público de uma forma quase sincronizada, mais ou menos como as moças da natação nos Jogos Olímpicos. Uma espécie de vénia em uníssono, para usar a imagem musical equivalente e, desta forma, recorrer à sinestesia.
Mas essa quase formalidade e distanciamento não duraram muito, foram rapidamente desfeitos. Talvez para isso tivesse contribuído o ritmo, que parece ter ganho força à medida que o espectáculo foi progredindo: de um tema inicial, lá está, bastante ambiental, quase introspectivo, com notas longas e prolongadas, o set estava, pouco depois, repleto de elementos rítmicos e uma dinâmica que contagiou o público – será este fenómeno o equivalente musical das alterações climáticas?
Para isso também ajudou bastante a atitude quase paternalista de Garbarek que, qual chefe benevolente, inúmeras vezes ao longo do concerto deu todo o espaço possível para os seus músicos brilharem. Foram vários os solos sem qualquer acompanhamento, que arrancaram ovações ruidosas da plateia, e que ocuparam uma parte muito substancial das cerca de duas horas e pouco de concerto. Em particular, o baterista/percussionista, na última exibição, utilizou uma série de instrumentos, incluindo a sua voz e estalidos com a língua, assim como um balde com água: um milagre o microfone ter sobrevivido aos salpicos provocados pelas pancadas mais fortes. E isto sem deixar de fora um fabuloso solo de piano, que arrancou com sonoridades clássicas, passando pelo blues e ragtime, e outro de baixo, muito físico, com o Yuri Daniel, e o som crispy do seu baixo, a encher-nos de slaps, slides, legatos.
Nem por uma vez alguém dirige uma palavra que seja ao público. Não há lugar a apresentar os membros do quarteto. Nem sequer a um simples “obrigado”. Mas a comunicação não fica atrás de outros concertos em que as palavras abundam. Basta verificar as várias reacções efusivas do público, assim como a forma como se envolveu nas músicas, nos solos, batendo palmas mediante solicitação ou na ausência da mesma.
A camisa estilo lumberjack de Jan Garbarek leva-me até às paisagens nórdicas, com tudo o que têm de deslumbrante, assim como de selvagem e inóspito. Imagino-o sem o saxofone por um momento, a cortar lenha com um machado, um fjorde no horizonte a abrir um abismo daqueles de cortar a respiração, que dispensa quaisquer palavras. Talvez por isso o saxofonista norueguês seja pouco dado a utilizá-las. É que pensando bem, não são precisas para rigorosamente nada.
domingo, 9 de outubro de 2016
quarta-feira, 5 de outubro de 2016
terça-feira, 4 de outubro de 2016
segunda-feira, 3 de outubro de 2016
Sandro Norton convida e Gary Burton faz-nos vibrar.
(Publicado originalmente aqui)
Esta é a crónica de um concerto que já deveria ter sido. Esteve agendado para 17 de maio e foi cancelado, por motivos de saúde de Gary Burton, o vibrafonista americano que era suposto ter vindo actuar no CCB a convite do guitarrista portuense Sandro Norton. Tive algum receio de males maiores, devo confessar: afinal sempre são 73 os anos do americano. Mas, felizmente, tudo se resolveu e Burton subiu mesmo ao palco do Grande Auditório, com o quinteto de Sandro Norton, que é constituído por Luís Trigo no violino, harmónica e acordeão, João Salcedo no piano, Carlos Barretto no contrabaixo e Mário Barreiros na bateria.
Um primeiro ponto prévio: o vibrafone não é um instrumento que, nos meandros do jazz, receba muita atenção nos dias que correm, não é coisa que se veja por aí aos pontapés. E foi a ele que Gary Burton se dedicou de corpo e alma. O americano tornou-se um dos nomes incontornáveis do vibrafone na década de 60 ao explorar uma forma de tocar com as quatro baquetas quando, na altura, era comum tocar-se apenas com duas. A técnica é hoje relativamente difundida – há até quem toque com seis ou use ainda métodos menos convencionais – e permite uma abordagem parecida à do piano, com um cariz multi-linear. O curioso que o grande ponto de atracção do concerto (e sem qualquer desprimor apra os restantes músicos) é um vibrafonista, o que parece estar em nítido contraste com o que de dizer sobre o vibrafone.
Um segundo ponto prévio: Sandro Norton seguramente poderá sentir-se como um privilegiado – ele confessa-nos exactamente isso. É que é apenas o terceiro guitarrista a quem Burton dá a honra de se juntar e os restantes nomes dessa restrita lista são, nem mais nem menos, do que Pat Metheny e Ralph Towner. A colaboração mais profícua foi a que Burton manteve com o pianista Chick Corea, com quem tocou durante longos anos, uma parceria que projectou a formação de duo no jazz e que rendeu a módica quantia de seis (!!) prémios Grammy, o mais antigo em 1979 e o mais recente em 2013.
Mas foquemo-nos no concerto. O set que este quinteto adicionado de um convidado nos traz é baseado, em grande medida, no álbum de Norton, “Flying High… At the Heart of It”. Os temas como “The storm” ou “At the heart of it” são bastante melódicos e sem grandes dinâmicas, quase uma espécie de música contemplativa. O repertório de Burton também deu o seu contributo com, por exemplo, o tema “Remembering Tano”, uma homenagem a Astor Piazzolla. Pelo meio, um tema em que Norton, sozinho, faz um número de guitarra percussiva que arranca possivelmente a maior ovação da noite, batendo com as mãos no corpo da guitarra, pisando as cordas e fazendo slides, usando tappings e harmónicos.
E depois veio o mais inesperado no miolo do concerto. Sandro Norton diz ao público que tem um segundo convidado. É caso para dizer que afinal havia outro. Trata-se de alguém que ele considera responsável por ter posto muita gente a ouvir jazz, ao ter feito uma fusão desse estilo com música popular. Apesar dos esforços para não avançar o nome antes de terminar a explicação da razão do convite, um deslize ao mencionar o nome próprio Pedro leva o público a perceber de imediato que se trata de Pedro Abrunhosa. E o que se segue, como é fácil de adivinhar, são três temas de Abrunhosa: “Ilumina-me”, uma versão repleta de dinâmicas e kicks do “É preciso de ter calma” e, finalmente, o interlúdio terminou com o “Se eu fosse um dia o teu olhar”.
Por esta altura, era já bastante evidente que o set tinha um espectro bastante lato e alargado, uma espécie de tutti frutti de repertório para agradar a gregos e troianos. Após este parêntesis motivado pelo segundo convidado, o registo anterior foi retomado. Neste bloco final, saltou à vista (ou ao ouvido) a intro fabulosa de Burton num dos temas. A terminar, um encore que trouxe o único momento em que se ouviu swing a noite toda.
“Eu próprio estou muito emocionado, vocês nem sabem”, diz-nos Norton que, segundo os meus cálculos, apresentou os membros da banda trezentas e sessenta e uma vezes. Sabemos, Sandro, sabemos. O Natal veio mais cedo este ano, não foi?
Esta é a crónica de um concerto que já deveria ter sido. Esteve agendado para 17 de maio e foi cancelado, por motivos de saúde de Gary Burton, o vibrafonista americano que era suposto ter vindo actuar no CCB a convite do guitarrista portuense Sandro Norton. Tive algum receio de males maiores, devo confessar: afinal sempre são 73 os anos do americano. Mas, felizmente, tudo se resolveu e Burton subiu mesmo ao palco do Grande Auditório, com o quinteto de Sandro Norton, que é constituído por Luís Trigo no violino, harmónica e acordeão, João Salcedo no piano, Carlos Barretto no contrabaixo e Mário Barreiros na bateria.
Um primeiro ponto prévio: o vibrafone não é um instrumento que, nos meandros do jazz, receba muita atenção nos dias que correm, não é coisa que se veja por aí aos pontapés. E foi a ele que Gary Burton se dedicou de corpo e alma. O americano tornou-se um dos nomes incontornáveis do vibrafone na década de 60 ao explorar uma forma de tocar com as quatro baquetas quando, na altura, era comum tocar-se apenas com duas. A técnica é hoje relativamente difundida – há até quem toque com seis ou use ainda métodos menos convencionais – e permite uma abordagem parecida à do piano, com um cariz multi-linear. O curioso que o grande ponto de atracção do concerto (e sem qualquer desprimor apra os restantes músicos) é um vibrafonista, o que parece estar em nítido contraste com o que de dizer sobre o vibrafone.
Um segundo ponto prévio: Sandro Norton seguramente poderá sentir-se como um privilegiado – ele confessa-nos exactamente isso. É que é apenas o terceiro guitarrista a quem Burton dá a honra de se juntar e os restantes nomes dessa restrita lista são, nem mais nem menos, do que Pat Metheny e Ralph Towner. A colaboração mais profícua foi a que Burton manteve com o pianista Chick Corea, com quem tocou durante longos anos, uma parceria que projectou a formação de duo no jazz e que rendeu a módica quantia de seis (!!) prémios Grammy, o mais antigo em 1979 e o mais recente em 2013.
Mas foquemo-nos no concerto. O set que este quinteto adicionado de um convidado nos traz é baseado, em grande medida, no álbum de Norton, “Flying High… At the Heart of It”. Os temas como “The storm” ou “At the heart of it” são bastante melódicos e sem grandes dinâmicas, quase uma espécie de música contemplativa. O repertório de Burton também deu o seu contributo com, por exemplo, o tema “Remembering Tano”, uma homenagem a Astor Piazzolla. Pelo meio, um tema em que Norton, sozinho, faz um número de guitarra percussiva que arranca possivelmente a maior ovação da noite, batendo com as mãos no corpo da guitarra, pisando as cordas e fazendo slides, usando tappings e harmónicos.
E depois veio o mais inesperado no miolo do concerto. Sandro Norton diz ao público que tem um segundo convidado. É caso para dizer que afinal havia outro. Trata-se de alguém que ele considera responsável por ter posto muita gente a ouvir jazz, ao ter feito uma fusão desse estilo com música popular. Apesar dos esforços para não avançar o nome antes de terminar a explicação da razão do convite, um deslize ao mencionar o nome próprio Pedro leva o público a perceber de imediato que se trata de Pedro Abrunhosa. E o que se segue, como é fácil de adivinhar, são três temas de Abrunhosa: “Ilumina-me”, uma versão repleta de dinâmicas e kicks do “É preciso de ter calma” e, finalmente, o interlúdio terminou com o “Se eu fosse um dia o teu olhar”.
Por esta altura, era já bastante evidente que o set tinha um espectro bastante lato e alargado, uma espécie de tutti frutti de repertório para agradar a gregos e troianos. Após este parêntesis motivado pelo segundo convidado, o registo anterior foi retomado. Neste bloco final, saltou à vista (ou ao ouvido) a intro fabulosa de Burton num dos temas. A terminar, um encore que trouxe o único momento em que se ouviu swing a noite toda.
“Eu próprio estou muito emocionado, vocês nem sabem”, diz-nos Norton que, segundo os meus cálculos, apresentou os membros da banda trezentas e sessenta e uma vezes. Sabemos, Sandro, sabemos. O Natal veio mais cedo este ano, não foi?
domingo, 2 de outubro de 2016
Muito interessante
sábado, 1 de outubro de 2016
Straight from the heart/brain
Há uma associação tradicional entre, por um lado, aquilo que é razão e raciocínio e o cérebro e, por outro lado, o que é emoção e sentimento e o coração. Ora isto traduz-se numa sobrevalorização das funções do coração em detrimento de uma subvalorização das do cérebro. Porque os dois dossiers, no fundo, são geridos pela massa cinzenta. O cérebro é aquele tipo lá da empresa que se farta de fazer coisas, é pau para toda a obra, e que no fim vê o crédito do esforço ser roubado por outros órgãos.
Não me levem a mal: gosto muito do meu coração. E dá-me imenso jeito, sobretudo enquanto continuar a bater – assim que parar, far-me-á tanta falta quanto uma guitarra num enterro. Mas a César o que é de César. O meu coração não faz ideia por que razão está a bater mais e não partiu dele a iniciativa de o fazer. Mesmo que a causa seja tão óbvia como fazer desporto ou a miúda gira que está mesmo à frente do nosso nariz. Mas podem ter a certeza que o cérebro sabe isto de cor e salteado e está a tratar da ocorrência com a máxima diligência.
Não me levem a mal: gosto muito do meu coração. E dá-me imenso jeito, sobretudo enquanto continuar a bater – assim que parar, far-me-á tanta falta quanto uma guitarra num enterro. Mas a César o que é de César. O meu coração não faz ideia por que razão está a bater mais e não partiu dele a iniciativa de o fazer. Mesmo que a causa seja tão óbvia como fazer desporto ou a miúda gira que está mesmo à frente do nosso nariz. Mas podem ter a certeza que o cérebro sabe isto de cor e salteado e está a tratar da ocorrência com a máxima diligência.
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