quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Ombros

Tycho Brahe foi o primeiro a impor rigor científico a observações de astros. A base de dados que compilou ao longo de décadas a olhar o céu a partir da ilha de Hven foi a pedra basilar do trabalho de astrónomos subsequentes, foi um dos ombros sob os quais personalidades como Kepler se apoiaram para ver mais longe.

E, no entanto, Brahe é terrivelmente desconhecido. Há quem diga que foi vítima do “presentismo”, ou seja, da falha de julgarmos o passado com o disposto mental do tempo em que vivemos: Brahe não era adepto da teoria heliocêntrica de Copérnico. Algo que nos parece inconcebível a nós, que estamos em cima de muito ombros que nos foram postos à disposição por séculos de evolução do conhecimento científico: à altura de Brahe seriamos uma excepção, uma minoria que se podia contar com os dedos de duas mãos.

É este o drama do astrónomo dinamarquês: acertou em quase tudo, em tudo excepto no aspecto imperdoável em que não podia falhar e na base do qual a História (injustamente?) o julgou.

(Um abraço ao A.J. Barros Veloso)

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