“Literacia – Dizem-me uma e outra vez «não percebi o teu texto». Apetece-me sempre responder: «e o problema é meu?»”
“Ética bloguista – Escrever como se ninguém lesse. Escrever sabendo que alguém sempre lê.”
“Não uses isto – Já não é a primeira vez. Alguém conta uma história e depois olha para mim e pede seriamente: «não uses isto». Fico sempre um bocado perplexo, porque nunca divulguei segredos ou conversas alheios de cunho provado. Nem no blogue nem em lado nenhum.
Mas admito que encaro tudo o que me chega como «material» em potência. O mundo é um manancial inexaurível de frases e episódios. Mas existem regras claras: nomeadamente que as pessoas mencionadas nunca sejam identificáveis. Depois, recupero histórias que me contaram há anos e anos, mudo o sexo das personagens, pego em bocados e detalhes que me interessam, corto e colo a meu interesse. E uso aspas sempre que possível, mas umas aspas abstractas, que servem apenas para não me locupletar com achados alheios.
Nesse sentido é verdade, uso tudo. Mas não revelo nada.”
“Confessionalismos – recebo comentários preocupados ou incomodados com os meus posts «confessionais». Já escrevi várias vezes sobre esta violenta incomodidade face ao registo pessoal, uma incomodidade que não cessa de me espantar. E já expliquei que os meus textos assumidamente pessoais e mesmo intimistas quase nunca são confessionais. Um texto confessional é um texto que fornece informações de facto, enquanto os meus posts só transmitem estados de espírito (meus ou alheios).
Julgo que algumas pessoas que se incomodam com o suposto conteúdo confessional dos posts gostavam que o conteúdo fosse confessional (não é). Quando eu escrevo sobre «estar apaixonado», as pessoas supõem que eu estou apaixonado, o que é uma suposição sem provas nenhumas.
O chamado confessionalismo é, muitas vezes, apenas wishful thinking dos leitores.”
Prova de vida, Pedro Mexia
segunda-feira, 1 de julho de 2013
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