Não é um tic tac
É mais tac
Apenas tac tac
Os ponteiros de plástico do relógio preto.
Tac tac
A noite toda a passar-me em frente aos olhos, o som metronómico dos ponteiros de plástico não me deixa dormir, não me sai da cabeça dos ouvidos. Não é uma questão de volume – sou capaz de dormir com ruídos mais elevados. É a cadência, o facto de ser um som tão disciplinado, tão arrumado
Tac tac
Sem parar, sem atrasar, sem perder a cadência. Um avanço inexorável que torna o retrocesso impossível. Um avanço inquebrável, totalmente fora do controlo.
Curiosamente, o relógio digital não me incomoda. Não tem barulho, é certo, mas projecta as horas no tecto branco do quarto. Ou seja, a mesma marcha obcecada a passar em frente aos meus olhos. Mas sem me tirar o sono.
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