quarta-feira, 20 de maio de 2009
Bengala branca
De repente olhei e vi a mulher no meio da estrada. Óculos escuros e bengala branca. Ia numa trajectória estranha, diagonal. Em plena Avenida Miguel Bombarda. Rapidamente e por instinto, confirmei que o sinal para peões estava vermelho. Olhei para esquerda e vi os carros no outro lado da Avenida da República parados e de imediato corri na direcção dela. Peguei-lhe no braço, venha comigo, está no meio da avenida com o sinal vermelho. Ela aceitou a ajuda mas estava irritada. Pois claro que está vermelho. E depois perguntou-me onde estávamos exactamente enquanto eu lhe dizia que tivesse cuidado para não tropeçar ao subir o passeio. Depois perguntei-lhe para onde queria ir: com a trajectória diagonal, não sabia se ela queria continuar naquela avenida ou seguir a descer a Avenida da República. Disse-me que queria ir para esta última, ia apanhar o autocarro. Mais ou menos quando estava a tentar encaminhá-la na direcção correcta, surge repentinamente outra senhora, afasta-me, agarra-lhe o braço firmemente, olha-me com uma cara ameaçadora, como se eu fosse uma ameaça para a cega. Ah vai para o autocarro? Então eu levo-a que eu também vou para lá. Fiquei durante alguns segundos especado. Onde raio estava aquela heroína de capa e espada quando a senhora de bengala branca estava no meio da estrada com sinal vermelho para atravessar? Devia ter-lhe perguntado. Com cara ameaçadora.
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