Uma das coisas que me faz confusão no francês é o nom não ser o nome mas sim o apelido. O nome é o prénom, uma designação que parece pôr o nome numa posição inferior à do apelido, dá mais relevância a este último. Já nós usamos nome próprio, é verdade, como se o apelido fosse impróprio. Mas, à semelhança do surname e Nachname, dizemos sobrenome: ao contrário do francês, o apelido aqui parece subordinado ao nome (em inglês também temos o given name, como se no apelido não houvesse hipótese de escolha, é esse e pronto).
Esta relação hierárquica sempre me pareceu intuitiva. Aliás, está plasmada na forma como, na maior parte das vezes, dizemos e escrevemos: nome primeiro e apelido(s) depois (pronto, nem sempre e, por exemplo, os húngaros e os chineses são campeões a inverter esta ordem). O nome é algo que sinto mais meu, mais idiossincrático; o apelido associo a origens e raízes. É certo que sou a soma dos dois mas, lá no fundo, atribuo mais força à primeira: duas pessoas com as mesmas raízes podem ser tão diferentes.
Para acabar, como não podia deixar de ser, a incoerência: no dia-a-dia, na brincadeira com pessoas que me são mais próximas, uso frequentemente a fórmula (militar?) de chamar pelo apelido.
segunda-feira, 28 de novembro de 2016
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