«Hoensch disse que a morte em si só era uma miragem em constante construção, mas que a realidade não existia. O oficial das SS disse que a morte era uma necessidade: ninguém no seu perfeito juízo, disse, admitiria um mundo cheio de tartarugas ou cheio de girafas. A morte, concluiu, era reguladora. O jovem erudito Popescu disse que a morte, segundo a sabedoria oriental, era só uma passagem. O que não era claro, disse ele, ou pelo menos ele não achava claro, era para que lugar, para que realidade conduzia essa passagem.
- A pergunta – disse ele – é aonde. A resposta – respondeu a si mesmo – é para onde os meus méritos me levarem.
O general Entrescu achou que aquilo era o menos, que o importante era movimentarmo-nos, a dinâmica do movimento, o que equiparava os homens e todos os seres vivos, incluindo as baratas, às grandes estrelas. A baronesa Von Zumpe disse, e talvez fosse a única a ter falado com franqueza, que a morte era uma chatice.»
2666, Roberto Bolaño
terça-feira, 25 de agosto de 2015
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