sábado, 3 de janeiro de 2015
Desço a avenida.
Distraído, distante, a pensar na morte da bezerra. Mas há qualquer coisa do lado esquerdo - um vulto, um movimento - que me chama a atenção e olho instintivamente - um tipo com uma câmara e uma haste com um microfone na ponta. Olhar é sempre o pior que se pode fazer nestas circunstâncias: quando vê os meus olhos em cima dos dele, resolve vir meter conversa comigo (caso contrário quase juraria que não me teria abordado). Pergunta-me se me pode fazer umas perguntas sobre uma pessoa, cujo nome me diz e eu não retive de todo (como se nota). E digo-lhe exactamente isso, que não faço ideia quem seja e, portanto, não o posso ajudar. Insiste, diz que não há problema, que me dá três hipóteses de resposta e eu só tenho que escolher uma e eu digo-lhe que não quero aparecer na televisão, ao mesmo que começo a afastar-me dele. Responde-me: Mas isto é para a RTP International, não dá cá, ninguém vai ver.
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