terça-feira, 31 de janeiro de 2012
É desta que o Inverno resolveu bater à porta
Menos não sei quantos graus com "feels like" de ainda mais menos não sei quantos graus. O frio normal da época que até então só tinha tido um frio anormal de tão tímido. O ar gélido entra queima a pele, rasga as entranhas quando entra em direcção aos pulmões. Os pés regelam, os olhos lacrimejam, o maxilar parece que não quer mexer quanto tento falar.
segunda-feira, 30 de janeiro de 2012
domingo, 29 de janeiro de 2012
sábado, 28 de janeiro de 2012
Anda Maria!!
Pela primeira vez em muito muito tempo vou colar-me ao televisor para ver uma final feminina.
quinta-feira, 26 de janeiro de 2012
Feeble
A companhia aérea Norwegian Air Shuttle airlines vai comprar 222 aviões de enfiada. E não uns aviõezinhos de papel quaisquer: 122 Boeing 737 e 100 Airbus. A frota total da Lufthansa ronda os 300 aviões. Os noruegues estão doidinhos das ideias.
quarta-feira, 25 de janeiro de 2012
Fusos
Fizeram a maldade de engendrar um Nadal-Federer para logo de manhã. E isto é uma chatice porque eu até tenho que trabalhar. Enfim, resta a consolação de um resultado pouco original.
terça-feira, 24 de janeiro de 2012
It ain't complicated
Missão do mês: sentir o dois e o quatro em vez do um e do três.
segunda-feira, 23 de janeiro de 2012
domingo, 22 de janeiro de 2012
Chega de saudade
Esqueceste-te da caneta. Em cima da mesa, ladeada de cadeiras toscas. Uma caneta velha, uma daquelas BIC
BIC laranja BIC cristal
Tosca como as cadeiras da mesa de madeira. Nem sequer tem tampa. Uma daquelas BIC que usávamos na escola para mandar bolas de papel uns aos outros. Tiraste-a de dentro da mala juntamente com uma molhada de papéis, tudo embrulhado. Quase me senti mal quando me senti mais organizado do que tu
Esqueceste-te dela aqui.
É estranho ter em casa uma coisa que te pertence. Quase não te conheço, sinto quase que a BIC esquecida
BIC laranja BIC cristal
é um pequeno intruso, um cavalo de Tróia que deixaste aqui para invadir esta casa, fortaleza. Para me invadir. Agora não sei o que fazer: devolvo-te a caneta da próxima vez que te vir? Se fosse uma Mont Blanc não hesitaria nem que fosse pela etiqueta do preço. Mas devolver uma BIC parece uma coisa reles. Ainda por cima nem sequer tem tampa. Tiraste-a de dentro da mala com a mesma destreza com que te livraste dos sapatos quando entraste depois de me teres perguntado. Para mim é indiferente, faz como se estivesses em tua casa.
Prefiro estar descalça
Em cima da mesa de madeira clara, as cadeiras toscas, uma de cada lado, sentaste-te de frente para mim, um copo de água na mão direita – pediste-me água – a caneta que usaste para tomar nota de alterações, para tomar nota da lista para a próxima vez
Vamos encontrar-nos outra vez, não é?
Claro que sim. Vamos encontrar-nos outra vez e eu talvez te leve a caneta sem tampa que deixaste em cima do tampo da mesa de madeira clara com duas cadeiras toscas, uma BIC como eu já não via há imenso tempo.
BIC laranja BIC cristal
Tosca como as cadeiras da mesa de madeira. Nem sequer tem tampa. Uma daquelas BIC que usávamos na escola para mandar bolas de papel uns aos outros. Tiraste-a de dentro da mala juntamente com uma molhada de papéis, tudo embrulhado. Quase me senti mal quando me senti mais organizado do que tu
Esqueceste-te dela aqui.
É estranho ter em casa uma coisa que te pertence. Quase não te conheço, sinto quase que a BIC esquecida
BIC laranja BIC cristal
é um pequeno intruso, um cavalo de Tróia que deixaste aqui para invadir esta casa, fortaleza. Para me invadir. Agora não sei o que fazer: devolvo-te a caneta da próxima vez que te vir? Se fosse uma Mont Blanc não hesitaria nem que fosse pela etiqueta do preço. Mas devolver uma BIC parece uma coisa reles. Ainda por cima nem sequer tem tampa. Tiraste-a de dentro da mala com a mesma destreza com que te livraste dos sapatos quando entraste depois de me teres perguntado. Para mim é indiferente, faz como se estivesses em tua casa.
Prefiro estar descalça
Em cima da mesa de madeira clara, as cadeiras toscas, uma de cada lado, sentaste-te de frente para mim, um copo de água na mão direita – pediste-me água – a caneta que usaste para tomar nota de alterações, para tomar nota da lista para a próxima vez
Vamos encontrar-nos outra vez, não é?
Claro que sim. Vamos encontrar-nos outra vez e eu talvez te leve a caneta sem tampa que deixaste em cima do tampo da mesa de madeira clara com duas cadeiras toscas, uma BIC como eu já não via há imenso tempo.
sexta-feira, 20 de janeiro de 2012
Flight
Ponho a moeda
enfim, não é bem uma moeda
de plástico a simular uma moeda mas das verdadeiras
50 cêntimos, um euro?
de uma cadeia de supermercado que é concorrente daquela onde estou agora
como se pusesse uma moeda que diz Continente num carrinho do Pingo Doce
no carrinho de supermercado e tenho sempre aquela impressão que o estou a enganar
não só porque a moeda não é verdadeira, é de plástico
mas a imitar uma das verdadeiras
50 cêntimos, 1 euro?
mas também porque não é desta cadeia de supermercados
é doutra
e fico sempre à espera que o carrinho pare e se recuse a andar mais
a mim não me enganas
e eu não sei se o engano por usar uma moeda que não é uma moeda
se por usar uma coisa de plástico que pretende simular uma moeda mas que é da concorrência
50 cêntimos, 1 euro?
enfim, não é bem uma moeda
de plástico a simular uma moeda mas das verdadeiras
50 cêntimos, um euro?
de uma cadeia de supermercado que é concorrente daquela onde estou agora
como se pusesse uma moeda que diz Continente num carrinho do Pingo Doce
no carrinho de supermercado e tenho sempre aquela impressão que o estou a enganar
não só porque a moeda não é verdadeira, é de plástico
mas a imitar uma das verdadeiras
50 cêntimos, 1 euro?
mas também porque não é desta cadeia de supermercados
é doutra
e fico sempre à espera que o carrinho pare e se recuse a andar mais
a mim não me enganas
e eu não sei se o engano por usar uma moeda que não é uma moeda
se por usar uma coisa de plástico que pretende simular uma moeda mas que é da concorrência
50 cêntimos, 1 euro?
quarta-feira, 11 de janeiro de 2012
Acho piada aos cinemas manhosos.
Aqueles com salas velhas e manhosas, ecrãs pequenos e cadeiras desconfortáveis, com cheiro a guarda-roupa. Não há pipocas. Há filmes um pouco, meio e totalmente marados. Os anúncios são mais curtos. Os bilhetes nunca esgotam. Começam logo por ter tipos mal-encarados a entender nas bilheteiras, que claramente não ganham à comissão. Estão sempre a fazer qualquer coisa para ajudar a passar o tempo – não têm muitos clientes – e, sempre que aparece um, ficam chateados por ter de interromper a leitura da revista. E depois aquela coisa de não haver lugares marcados. Que às vezes é pior do que os cinemas em que há e estão à pinha porque as pessoas ficam a hesitar qual das inúmeras cadeiras vazias hão-de escolher. Casais quase discutem se devem ir mais para a frente ou para trás, meio ou de ladecos. Ora, tudo isto só pode melhorar a experiência de ver um filme.
quinta-feira, 5 de janeiro de 2012
domingo, 1 de janeiro de 2012
«E eis a litania:
Ámen! Louvor, honra, sabedoria, reconhecimento, glória e força do nosso Deus, de eternidade em eternidade!
- E respondeu o burro – I-han!
Ele carrega os nossos fardos, ele tomou a forma de um servidor; ele é de coração humilde e nunca diz não; e quem ama bem o seu Deus, bem o castiga.
- E respondeu o burro – I-han!
Ele não fala, salvo para aprovar sempre o mundo que criou; eis a sua maneira de louvar a sua criação. E se não fala, é por finura. Assim, raramente se engana.
- E respondeu o burro – I-han!
Ele passa desapercebido no mundo. Cinzenta é a cor favorita que cobre a sua virtude. Se tem espírito, oculta-o; mas todo o mundo crê nas longas orelhas.
- E respondeu o burro – I-han!
Quanta sabedoria se esconde naquelas longas orelhas, naquela decisão de dizer sempre sim e nunca não! Pois não criou ele o mundo à sua imagem, tão estúpido quanto é possível?
- E respondeu o burro – I-han!
Quer sigas caminhos direitos, quer tortuosos, pouco te importa aquilo que nos parece direito ou tortuoso, a nós, homens. A tua candura está em não saberes o que é a candura.
- E respondeu o burro – I-han!
Eis que não repeles ninguém, nem mendigos nem reis. Deixas vir a ti as criancinhas e quando os mais velhacos tentam engodar-te, respondes simplesmente: I-han!
- E respondeu o burro – I-han!
Amas as burricas e os figos frescos, não desdenhas a boa mesa. Um cardo te revigora quando tens fome. Aí reside uma divina sabedoria.
- E respondeu o burro – I-han!»
Assim falava Zaratustra, Friedrich Nietzsche
Ámen! Louvor, honra, sabedoria, reconhecimento, glória e força do nosso Deus, de eternidade em eternidade!
- E respondeu o burro – I-han!
Ele carrega os nossos fardos, ele tomou a forma de um servidor; ele é de coração humilde e nunca diz não; e quem ama bem o seu Deus, bem o castiga.
- E respondeu o burro – I-han!
Ele não fala, salvo para aprovar sempre o mundo que criou; eis a sua maneira de louvar a sua criação. E se não fala, é por finura. Assim, raramente se engana.
- E respondeu o burro – I-han!
Ele passa desapercebido no mundo. Cinzenta é a cor favorita que cobre a sua virtude. Se tem espírito, oculta-o; mas todo o mundo crê nas longas orelhas.
- E respondeu o burro – I-han!
Quanta sabedoria se esconde naquelas longas orelhas, naquela decisão de dizer sempre sim e nunca não! Pois não criou ele o mundo à sua imagem, tão estúpido quanto é possível?
- E respondeu o burro – I-han!
Quer sigas caminhos direitos, quer tortuosos, pouco te importa aquilo que nos parece direito ou tortuoso, a nós, homens. A tua candura está em não saberes o que é a candura.
- E respondeu o burro – I-han!
Eis que não repeles ninguém, nem mendigos nem reis. Deixas vir a ti as criancinhas e quando os mais velhacos tentam engodar-te, respondes simplesmente: I-han!
- E respondeu o burro – I-han!
Amas as burricas e os figos frescos, não desdenhas a boa mesa. Um cardo te revigora quando tens fome. Aí reside uma divina sabedoria.
- E respondeu o burro – I-han!»
Assim falava Zaratustra, Friedrich Nietzsche
Subscrever:
Mensagens (Atom)