segunda-feira, 22 de agosto de 2011
S
Não sei bem explicar a tua voz. É talvez cheia. Quente. De cores quentes e fortes. E, ao mesmo tempo, suave. Resvalas por entre as palavras como se evitasses os pingos da chuva. Suavemente. Como o teu sotaque. Eu que tenho queda para apreender rapidamente e imitar sotaques alheios, não o consigo reproduzir. Há qualquer coisa nas sibilantes que me enternece. Que me hipnotiza, acho eu. Lânguidas. Se ficasses o dia todo a falar-me eu ficaria o dia todo a ouvir-te. Não interessa o quê. Não que não me interesse o que me dizes – não me leves a mal – mas a tua voz. Quente. E o sotaque cheio de sibilantes que não consigo imitar e que lentamente me hipnotizam. Às vezes lutas com as palavras um bocado, olhas para mim e nos teus olhos está um pequeno pedido de ajuda com qualquer coisa que não sabes dizer. As palavras fogem-te dos lábios como areia a escapulir-se lentamente pelos dedos. Eu ajudo-te, dou-te de bandeja a palavra que estás à procura só para ver o teu sorriso tímido. E ouvir-te dizê-la. Com esse sotaque, com essas sibilantes lânguidas. Cheias.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário