terça-feira, 6 de abril de 2010
It does not add up
Era qualquer coisa com a qual eu brincava sempre que ia lá a casa. Lembro-me perfeitamente. Debruçado sobre a mesa de café escura, quadrada. Mas não me consigo lembrar bem. Algumas imagens dispersas e confusas. Nem sequer o objectivo do jogo me vem à memória. Não era um brinquedo, disso sinto-me certo. Talvez qualquer coisa de tabuleiro dado que punha em cima da mesa de café escura. E a nítida sensação que tirava aquilo de uma gaveta, era numa gaveta que era guardado e eu tirava de lá. E dou por mim a olhar em redor, nesta sala que agora me faz sentir estranho, há anos que não me sentava no sofá vermelho a olhar para o televisor. Por falar nisso, o televisor está ligado num programa de entrevistas mas já há muito que eu desliguei. E por debaixo do aparelho, uma mesa com duas gavetas muito fininhas. Levanto-me de rompante, porque de um momento para o outro parece-me óbvio que aquele fosse o sítio onde estaria guardado o raio da coisa com a qual eu costumava brincar. Abro a da direita primeiro. Cassetes de vídeo e áudio. Abro a segunda. Mais do mesmo. Frustração. Ao lado da poltrona azul, aquela mesmo virada para o telefone, onde te costumavas sentar, outra mesinha pequenina, esta com gavetas não tão finas como a anterior. Aqui – e de certeza, lembro-me perfeitamente, neste caso não tenho a mínima dúvida – era onde guardavas as peças do xadrez. Que nunca te vi jogar mas sei que tinhas um tabuleiro. E não gostavas muito que mexesse nas peças. Abro a gaveta. Nada. Quer dizer, nada do que eu esperava, lá dentro estão agora velas. Abro a do meio e saem pratinhos de porcelana, abro a da esquerda e mais quinquilharia.
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