sexta-feira, 30 de abril de 2010
quarta-feira, 28 de abril de 2010
Dream machine
« - Do you find life boring?
- Under some circumstances it can be very boring.»
Let’s get lost, Chet Baker
- Under some circumstances it can be very boring.»
Let’s get lost, Chet Baker
terça-feira, 27 de abril de 2010
segunda-feira, 26 de abril de 2010
Spur of the moment
És como a líxivia: irritante.
domingo, 25 de abril de 2010
Ângelo caído
«O PC é o peso da Igreja ao contrário. Só há Cunhal porque existia Cerejeira. Fátima e Baleizão, os dois santuários. (…) A primeira vez que vi Cunhal foi num comício no Campo Pequeno. Fiquei impressionado. Ele disse: no cimo deste palanque estão 139 anos de cárceres. E eu disse: porra, são os mártires das igrejas. E ele é o sumo-sacerdote. Uma religião.»
Entrevista a Ângelo Correia, revista Única
Entrevista a Ângelo Correia, revista Única
sábado, 24 de abril de 2010
Meia bola e força
Por motivos que não interessa agora desenvolver, deu-se o caso de partilhar uma aula de solfejo com uma pessoa que tem problemas com sibilantes. Não era um qualquer problema leve, pouco pronunciado, amador. Não senhor, tratava-se de um óptimo exemplar com carteira profissional, tratava-se de um nível supremo de chopinha de macha. Sentada ao meu lado, a ler a partir da minha pauta.
De início, confesso, não me apercebi do perigo potencial; as aulas de solfejo sempre foram dadas a lapsos engraçados como os célebres “ró” e “slá” que deveriam ser anestesia suficiente. Nem sequer quando ouvi pronunciar o título do tema do Parker: Xcrapple from a Apple. Depois bastaram as primeiras colcheias para tudo se tornar muito complicado. “fá” “chól” “chi” “lá”.
Foi duro mas consegui aguentar-me sem rir.
De início, confesso, não me apercebi do perigo potencial; as aulas de solfejo sempre foram dadas a lapsos engraçados como os célebres “ró” e “slá” que deveriam ser anestesia suficiente. Nem sequer quando ouvi pronunciar o título do tema do Parker: Xcrapple from a Apple. Depois bastaram as primeiras colcheias para tudo se tornar muito complicado. “fá” “chól” “chi” “lá”.
Foi duro mas consegui aguentar-me sem rir.
sexta-feira, 23 de abril de 2010
Plain vanilla
A água escorre-me do cabelo agora comprido pela cara, pelas costas abaixo. Fecho os olhos e deixo que o chuveiro me atinja as pálpebras. Vejo luzes, fogachos coloridos, ténues, efémeros. De olhos fechados. A água nas pálpebras dos olhos fechados. Escorre: pela cara, pelas costas, a partir dos meus cabelos. Agora compridos.
quinta-feira, 22 de abril de 2010
quarta-feira, 21 de abril de 2010
Gaspiller
Gastar os dias. Desgastá-los. Provocá-los. Assustá-los de morte. Matá-los de tédio e aborrecimento. Levá-los até à exaustão. Vencê-los pelo cansaço. Vencê-los e não convencê-los.
terça-feira, 20 de abril de 2010
Nuvens
Como se isso fosse uma grande coisa. Uma grande descoberta. Já toda a gente sabe disso, há que tempos. E, no entanto, lá estás tu a tentar vender isso como se tivesses acabado de inventar a roda, de descobrir a pólvora. E o pior é que muitos vão na tua conversa e acham muito interessante, que giro, fabuloso. Metade destes adjectivos é o teu sorriso que os compra, parece que já nem ouvem aquilo que dizes. Não acredito que, se ouvissem mesmo, andassem para aí com os “muito interessante”, “que giro” e “fabuloso”. Mas a verdade é que andam.
segunda-feira, 19 de abril de 2010
14 oito mil
Já li várias coisas diferentes e ainda não consegui perceber se há mais oito, nove ou dez tipos para além do João Garcia que conseguiram escalar os 14 picos acima dos 8000 metros. No caso do Garcia, é ainda notável ver que escalou 11 das montanhas depois do acidente no Evereste.
domingo, 18 de abril de 2010
Eat led
Nunca pensou que fossem precisos três disparos. Na sua ingenuidade – era a primeira vez que disparava sobre alguém – um só deveria ser o suficiente para ver o corpo depositar-se no chão. Mas não: nem ao final do primeiro, nem ao final do segundo. Continuava de pé. A cara de espanto. Foi talvez a única coisa que lhe causou algum desconforto. O espanto que com a olhava. Como se manifestasse a sua incredulidade por ter sido atingido por ela. Mas só isso. Afinal não era assim tão difícil.
sexta-feira, 16 de abril de 2010
quinta-feira, 15 de abril de 2010
Notluge
O teu corpo gasto. Usado. Velho. Flácido. As rugas rasgam-te a cara, as covas dos olhos fundas, escuras. Enegrecidas. Os braços, a pele distendida, as mãos engelhadas. Uma corrida contra o tempo. Perdida.
quarta-feira, 14 de abril de 2010
Flat
Estava desagradado com o seu carro porque a caixa de velocidades era jónia. Por muito que quisesse, não conseguia obter, por exemplo, uma terceira menor ou uma quarta aumentada.
terça-feira, 13 de abril de 2010
It's no the age honey, it's the mileage
O lado positivo de ter um número de cartão de crédito roubado é a quantidade de milhas que são atribuídas pelas compras alheias.
segunda-feira, 12 de abril de 2010
domingo, 11 de abril de 2010
sábado, 10 de abril de 2010
sexta-feira, 9 de abril de 2010
quinta-feira, 8 de abril de 2010
quarta-feira, 7 de abril de 2010
Double parking
Sempre que faço a 5 de Outubro – e normalmente faço apenas uma curta distância da avenida – e, como sempre, tenho que me desviar sempre de dois ou três carros mal estacionados (e avisto ao lado outros quantos com quatro piscas) pergunto-me, também sempre, onde andarão os gajos que passam multas.
terça-feira, 6 de abril de 2010
It does not add up
Era qualquer coisa com a qual eu brincava sempre que ia lá a casa. Lembro-me perfeitamente. Debruçado sobre a mesa de café escura, quadrada. Mas não me consigo lembrar bem. Algumas imagens dispersas e confusas. Nem sequer o objectivo do jogo me vem à memória. Não era um brinquedo, disso sinto-me certo. Talvez qualquer coisa de tabuleiro dado que punha em cima da mesa de café escura. E a nítida sensação que tirava aquilo de uma gaveta, era numa gaveta que era guardado e eu tirava de lá. E dou por mim a olhar em redor, nesta sala que agora me faz sentir estranho, há anos que não me sentava no sofá vermelho a olhar para o televisor. Por falar nisso, o televisor está ligado num programa de entrevistas mas já há muito que eu desliguei. E por debaixo do aparelho, uma mesa com duas gavetas muito fininhas. Levanto-me de rompante, porque de um momento para o outro parece-me óbvio que aquele fosse o sítio onde estaria guardado o raio da coisa com a qual eu costumava brincar. Abro a da direita primeiro. Cassetes de vídeo e áudio. Abro a segunda. Mais do mesmo. Frustração. Ao lado da poltrona azul, aquela mesmo virada para o telefone, onde te costumavas sentar, outra mesinha pequenina, esta com gavetas não tão finas como a anterior. Aqui – e de certeza, lembro-me perfeitamente, neste caso não tenho a mínima dúvida – era onde guardavas as peças do xadrez. Que nunca te vi jogar mas sei que tinhas um tabuleiro. E não gostavas muito que mexesse nas peças. Abro a gaveta. Nada. Quer dizer, nada do que eu esperava, lá dentro estão agora velas. Abro a do meio e saem pratinhos de porcelana, abro a da esquerda e mais quinquilharia.
segunda-feira, 5 de abril de 2010
domingo, 4 de abril de 2010
Saco cheio
Uma das partes mais complicadas do seu internamento hospitalar foi a dieta líquida. A sopa era uma água de lavar pratos, uma coisa verdadeiramente intragável que nem com uma pitada de sal lá ia. Aquela sopa era supostamente para pessoas doentes mas mais parecia ser passível de fazer alguém saudável adoecer.
sábado, 3 de abril de 2010
Causalidade
Pôr pimenta na língua dos meninos pode não ser o melhor remédio para que não digam coisas feias. Pode funcionar exactamente ao contrário: sempre que como algo muito picante farto-me de dizer impropérios.
sexta-feira, 2 de abril de 2010
quinta-feira, 1 de abril de 2010
Xeque
Associamos o xadrez a russos. As cartas e o dominó aos jogos dos reformados nos parques. O Mikado aos japoneses. Já o jogo das damas, à Amadora.
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